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Mioma e gestação: existem riscos?

Os miomas são uma das doenças ginecológicas mais comuns entre as mulheres. Eles são encontrados em até 70% das pacientes ao longo da vida, geralmente sendo assintomáticos e não trazendo nenhuma consequência mais grave. Contudo existem alguns tipos de miomas relacionados a um maior risco de abortamentos, partos prematuros e outras complicações gestacionais.

Eles são lesões bem prevalentes em mulheres na idade fértil, pois são estrogênio dependentes. Em outras palavras, um dos principais fatores de sua formação e crescimento é a exposição ao principal hormônio feminino, um tipo de estrogênio chamado de estradiol.

Quer entender melhor a relação dos miomas com a gestação? Confira nosso post!

O que são miomas?

Os miomas se originam de células musculares localizadas em uma camada do útero chamada de miométrio. Você se lembra que o útero é formado por três camadas:

  • Endométrio — é o revestimento da cavidade uterina, formado por células que crescem sob o estímulo do estrogênio e se maturam sob a ação da progesterona. É no endométrio que o embrião se implanta e cria estruturas (vasos sanguíneos da placenta) para sobreviver durante a gestação;
  • Miométrio — é a camada intermediária, a parede do útero, sendo formada por células musculares e tecido de sustentação. As células musculares têm a capacidade de se contrair gerando os movimentos do útero importantes para o trabalho de parto. As cólicas menstruais e a dor do parto ocorrem devido à contração do miométrio;
  • Perimétrio — o perimétrio tem duas camadas, a serosa e adventícia. A serosa é a que está colada ao útero, protegendo-o contra o atrito com outros órgãos e facilitando sua movimentação.

Quando provocam sintomas, os miomas estão associados a quadros leves de sangramento uterino anormal e dismenorreia (dor menstrual). A principal complicação dessas lesões é a infertilidade, que ocorre predominantemente em um tipo de miomas, o submucoso.

Mesmo assim, grande parte das mulheres são capazes de engravidar com os miomas. No entanto, em alguns casos, pode haver um aumento do risco de complicações gestacionais, do abortamento ao parto prematuro.

Como é o desenvolvimento da gestação em mulheres com miomas?

A maioria das gestantes não terá nenhuma complicação grave devido à presença dos miomas durante a gravidez. Alguns sintomas poderão ser um pouco mais intensos e frequentes nelas, como as dores.

Além disso, é muito importante entender que os efeitos dos miomas sobre as gestações dependem das características das lesões da mulher. Nesse sentido, os pontos mais importantes são:

  • Volume;
  • Número;
  • Localização (tipo de mioma).

Vamos falar sobre cada um deles a seguir.

Volume

O volume dos miomas tem uma influência significativa, independentemente do local onde eles estão. Os estudos mostram que ele é o principal fator relacionado a maior frequência de complicações gestacionais:

  • Quanto maior a lesão, maior a frequência de dores uterinas durante a gestação;
  • Um tamanho maior do que 3 a 4 centímetro de diâmetro está associado ao aumento de risco de abortamentos, problemas placentários, restrição ao crescimento fetal, hemorragias gestacionais e parto prematuro.

Número de lesões

O número de lesões também está associado a complicações, como o início do trabalho de parto precocemente e o nascimento prematuro. Em relação a outros riscos, ainda não há evidências tão robustas, mas eles podem estar também relacionados com abortamentos de repetição e hemorragias gestacionais.

Localização das lesões

Os miomas podem ser agrupados em três tipos de acordo com a sua localização em relação às camadas do útero:

  • Miomas submucosos — apesar de ainda se originarem do tecido miometrial, os submucosos crescem pressionando o endométrio, a camada de revestimento da cavidade uterina. É nela que o embrião se implanta. Por isso, esse é o tipo de mioma mais associado a complicações gestacionais, provocando um aumento do risco de abortamentos, partos prematuros, descolamento da placenta e hemorragia por parto. Felizmente, são os tipos mais raros;
  • Miomas intramurais — são os miomas mais comuns. Eles crescem em predominantemente dentro dos limites do miométrio. Sua relação com complicações gestacionais ocorre quando crescem excessivamente (mais de 3 a 4 centímetros). Assim, com o crescimento uterino durante a gravidez, eles passam a ter uma maior influência sobre o endométrio e o feto em formação. Os miomas intramurais também podem prejudicar as gestações quando estão em maior número. Afinal, o miométrio é o local onde se originam as contrações uterinas. As lesões podem comprometer a qualidade e a quantidade dos movimentos do útero e provocar partos prematuros, como vimos anteriormente;
  • Miomas subserosos — como todos os miomas, ele se origina do miométrio. Contudo seu crescimento é mais expressivo em direção à camada externa do útero, a serosa. Como crescem fora do útero, tendem a crescer mais, pois não são restritos pelo espaço e pela pressão do miométrio.

Assim, podem aumentar a frequência de sintomas comuns nas gestações, como inchaço abdominal, incontinência urinária devido à compressão da bexiga ou constipação intestinal devido à obstrução externa das alças do cólon.

Geralmente, não interferem nas gestações e na fertilidade, exceto quando atingem tamanhos significativos (diâmetro maior do que 4 centímetros).

Para evitar as complicações na gestação e no parto, tem se indicado a retirada dos miomas anteriormente às tentativas de engravidar. Contudo essa decisão é sempre individualizada a cada caso e compartilhada com a mulher, — dentro dos princípios da humanização do parto. A cesariana é indicada em situações excepcionais, como a apresentação inadequada e a falha de progressão do parto. Portanto, mesmo em pacientes com miomas, deve-se preferir o parto normal.

Quer saber mais sobre os miomas uterinos? Confira o nosso texto sobre o tema!

Quando o sangramento uterino é anormal?

As mulheres têm muitas dúvidas relacionadas à menstruação e precisam realmente ficar atentas. Contudo uma maior atenção com o próprio corpo não deve ser transformada em ansiedade. Afinal, existem muitas variações no ciclo menstrual de uma mesma pessoa, além de as diferenças individuais serem comuns.

Portanto, comparações com períodos anteriores ou com outras mulheres devem ser feitas com muito cuidado. Por isso, é muito importante entender o que é um sangramento uterino anormal.

Antigamente, havia vários termos para se referir a alterações na menstruação, como hipermenorreia (sangramento aumentado), hipomenorreia (diminuído) e diversos outros. Nos últimos anos, percebeu-se que esses conceitos são pouco exatos.

Afinal, as doenças ginecológicas podem se expressar de diferentes formas. Então, é melhor que os médicos e as pacientes sejam capazes de identificar quais são as características de um sangramento uterino anormal, — em qualquer idade e nas suas mais diversas manifestações. Quer entender melhor o tema? Acompanhe o nosso post!

O que é o sangramento uterino anormal?

Um sangramento uterino anormal é todo aquele que foge do padrão médio habitual. Nem sempre isso vai significar uma doença, mas a investigação é importante para excluí-las.

Para isso, podem ser utilizados os seguintes parâmetros:

  • Idade da mulher — sangramentos na infância e no pós-menopausa merecem uma atenção maior;
  • Volume — que pode estar aumentado ou reduzido;
  • Momento — sangramento no período entre as menstruações (spotting) ou durante as relações sexuais;
  • Intervalo — aumento ou redução do intervalo entre as menstruações;
  • Duração do período de sangramento — que pode aumentar em algumas situações patológicas;
  • Aparência —aumento da presença de grumos ou coágulos no sangramento;
  • Regularidade — os ciclos geralmente ocorrem sempre dentro de um mesmo intervalo ou variam pouco. Uma maior variação entre os ciclos pode ser vista como anormal. Por exemplo, a mulher menstrual com trinta dias e, depois disso, fica 3 meses sem menstruar. Se esse padrão se repete ao longo do tempo, esse sintoma merece uma investigação.

Portanto, o sangramento uterino anormal pode ocorrer em qualquer idade. Porém é preciso individualizar para cada grupo ou mulher. Por exemplo, nos primeiros anos após a menarca e nos anos anteriores à menstruação, a irregularidade é normal.

Quando podemos considerar um sangramento uterino anormal?

Essa é uma questão complexa. Afinal, é muito difícil distinguir o que é um volume aumentado, por exemplo. Em geral, adota-se como normalidade uma perda sanguínea de 5ml a 80ml por ciclo, mas isso é muito difícil de medir no dia a dia.

Também não há um consenso estabelecido sobre:

  • A duração de um ciclo. Algumas fontes apontam um intervalo mínimo de 24 a 28 dias e máximo de 35 a 38 dias. Outras estabelecem critérios mais frouxos ou rígidos;
  • Da mesma forma, a duração do sangramento também não é um consenso. Em geral, adota-se um corte de 7 a 9 dias como normalidade.

No entanto, em uma parcela importante dos casos, existem mulheres saudáveis com valores fora dessas curvas. Por sua vez, algumas formas de SUA são mais fáceis de identificar, como o spotting e o sangramento durante as relações sexuais.

Então, a avaliação clínica do SUA é essencial e o autodiagnóstico deve ser evitado. O médico buscará analisar cada quadro em relação à comorbidades, uso de medicações, histórico obstétrico e outros dados clínicos importantes.

Além disso, a presença de outros sinais e sintomas é um indicativo de que uma alteração menstrual pode estar ligada a condições ginecológicas. As manifestações mais comuns associada ao SUA são:

  • Dismenorreia — dor menstrual, especialmente quando ela conta com características não habituais;
  • Dor pélvica crônica — dor persistente e não cíclica na região da pelve;
  • Dispareunia — dor durante as relações sexuais;
  • Infertilidade — dificuldade persistente para engravidar;
  • Hirsutismo — Presença de pelos em localizações incomuns para a mulher.

Além disso, a investigação do SUA geralmente é feita com alguns exames médicos, como a ultrassonografia transvaginal e o hemograma.

Em alguns casos, a paciente não apresenta nenhum sintoma, além do SUA. No entanto, ao realizar exames rotineiros, como o hemograma, ela recebe o diagnóstico de anemia. Uma das principais causas de anemia em mulheres é o sangramento uterino anormal.

Causas de sangramento uterino anormal

A Federação Internacional de Ginecologistas e Obstetras criou um acrônimo para ajudar na identificação das principais doenças relacionadas ao sangramento uterino anormal. É o PALM-COIEN:

  • PALM — A primeira parte descreve questões estruturais;
  • COEI abrange condições não estruturais, como as causas hormonais;
  • N é uma categoria guarda-chuva para os casos que não podem ser classificados nos quadros anteriores.

Veja agora o que significa cada letra:

  • P — Pólipo;
  • A — Adenomiose;
  • L — Leiomioma (miomas uterinos);
  • M — Malignas;
  • C — Coagulopatia;
  • O — Ovulatória (como a síndrome dos ovários policísticos);
  • E — Endometrial;
  • I — Iatrogênica (causas relacionadas a intervenções médicas, como uso de medicamentos, incluindo anticoagulantes, ou tratamento clínicos que podem resultar em SUA);
  • N — Não classificado de outra forma.

Dessas, os pólipos, a adenomiose, os miomas uterinos e as causas ovulatórias representam grande parte dos diagnósticos finais do SUA.

A mulher deve procurar um médico sempre que notar ou se preocupar com as alterações das características menstruais. Afinal, as consultas não têm apenas o objetivo de diagnosticar doenças, mas também para tranquilizar e tirar dúvidas. Alguns tipos de sangramento uterino anormal também são mais preocupantes, como aqueles que ocorrem em mulheres no pós-menopausa, os quais podem estar relacionados a neoplasias.

Quer saber mais sobre o sangramento uterino anormal? Confira nosso artigo institucional sobre o tema!

Endometriose e gravidez: riscos e cuidados

A endometriose é uma doença inflamatória crônica, desencadeada pelo implante de glândulas e estroma do endométrio fora do útero. Com isso, podem surgir sintomas e complicações que impactam significativamente a qualidade de vida da mulher, como a infertilidade, a dor pélvica crônica e a dismenorreia (dor menstrual).

A dificuldade para engravidar é uma queixa presente em uma parcela significativa das pacientes com endometriose. Os estudos mostram que cerca de um terço das pacientes com queixa de infertilidade são diagnosticadas posteriormente com endometriose.

Além disso, outras pesquisas mostraram que pode haver uma relação da endometriose com complicações gestacionais, como o abortamento de repetição. Devido a esse impacto na função reprodutiva, a endometriose pode influenciar seus planos de maternidade.

Por isso, é muito importante conhecer melhor a doença. Ficou interessada? Acompanhe nosso post até o final!

Endometriose e dificuldades de engravidar (infertilidade)

A infertilidade é caracterizada pela dificuldade de um casal engravidar pela fertilização natural (relações sexuais no período fértil da mulher) por 1 a 2 anos. Esse período pode ser abreviado para seis meses caso a mulher já tenha mais de 35 anos.

É muito importante entender que a infertilidade não é causada apenas pela mulher. Existe esse estigma. Contudo, as estatísticas mostram que os casos de infertilidade em casais são proporcionalmente semelhantes em ambos os sexos.

Na maior parte das situações, a dificuldade para engravidar ocorre devido a fatores presentes tanto no homem quanto na mulher. Em outros casos, sequer são identificados fatores em algum dos membros do casal, — é a infertilidade sem causa aparente.

Dentro dos casos de infertilidade feminina, de 30% a 50% deles podem estar relacionados à endometriose. Essa doença pode causar um estado inflamatório permanente na região da pelve. Na tentativa de eliminar células endometriais fora do útero, o corpo envia células de defesa que buscam destruir o tecido ectópico. Entretanto, esse ataque não distingue tecidos saudáveis dos implantes de endometriose.

Com isso, surgem mecanismos que podem levar à infertilidade:

  • O estado inflamatório prolongado faz com que o endométrio normal (na cavidade uterina) se torne menos receptivo aos espermatozoides e ao embrião;
  • Ele também altera a dinâmica funcional dos órgãos reprodutivos, reduzindo o potencial de fertilidade;
  • Ele também pode atingir o ovário, levando a uma redução precoce e progressiva da reserva ovariana;
  • Por fim, à medida que a doença não é tratada, o corpo inicia um processo de cicatrização intenso, substituindo tecidos funcionais por fibras colágenas. Assim, começam a se formar aderências que obstruem e comprometem os órgãos internos do sistema reprodutor feminino. Com o envelhecimento das aderências, elas se tornam mais rígidas e prejudicam ainda mais a fertilidade, além de ficarem mais difíceis de tratar.

Classificação da endometriose

Portanto, a endometriose compromete a fertilidade de forma multifatoriais por meio de disfunções estruturais e fisiológicas.

Atualmente, a principal classificação da endometriose leva em consideração o seu potencial na redução da fertilidade feminina. Ela foi feita pela Associação Americana de Medicina Reprodutiva:

  • Estágio I, endometriose mínima: implantes isolados e sem aderências significativas;
  • Estágio II, endometriose leve: implantes superficiais, menores do que 5 cm e sem aderências significativas;
  • Estágio III, endometriose moderada: presença de endometriomas, de múltiplos implantes, além de aderências nas tubas uterinas e ovários mais evidentes;
  • Estágio IV, endometriose grave: múltiplos implantes, superficiais e profundos, endometriomas, além de aderências densas e firmes.

Endometriose e gestação

Recentemente, diversos estudos sobre a relação da endometriose com complicações gestacionais foram analisados. Eles encontraram que a doença pode estar associada a um maior risco de:

Em alguns estudos, foram apontados ainda uma maior chance de gestações ectópicas, especialmente nas tubas uterinas. Contudo as evidências atuais descartam uma influência da endometriose no desenvolvimento de hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia.

Endometriose no parto e pós-parto.

A endometriose também parece estar associada a alguns desfechos negativos no parto e no pós-parto, aumentando o risco de:

  • Partos cesarianos;
  • Recém-nascidos pequenos para a idade gestacional.

Como já explicamos em outros artigos, os partos cesarianos devem ser reservados para situações excepcionais. Afinal, eles trazem um maior risco de complicações durante e após o parto, além de não terem alguns benefícios importantes dos partos normais. Então, o aumento do risco de um parto cesariano deve ser visto como uma complicação.

Recém-nascidos pequenos para a idade gestacional também são uma preocupação importante. Eles estão mais vulneráveis à hipotermia neonatal, à morte súbita, a problemas do neurodesenvolvimento e a infecções.

Portanto, devido a essa relação da endometriose com a infertilidade e as complicações gestacionais, é preciso ter um novo olhar para a condição e o impacto que ela pode ter na vida reprodutiva de uma mulher.

Apesar de a reprodução assistida ajudar a melhorar o prognóstico reprodutivo nesses casos, ainda há outras complicações que podem surgir nas mulheres que conseguem engravidar. Um acompanhamento obstétrico humanizado, — e, portanto, individualizado —, no pré-natal, no parto e no pós-parto é essencial para essas mulheres.

Quer saber mais sobre a endometriose e seu tratamento? Confira este nosso artigo sobre o tema!

Quando a adolescente deve ir ao ginecologista?

Quando a adolescente deve ir ao ginecologista? — Essa é uma pergunta muito comum entre responsáveis que procuram o auxílio de um médico para entender como deve ser feito o cuidado com as meninas em transição para a idade fértil. Esse questionamento também é uma busca frequente das próprias adolescentes no Google e nas redes sociais, por exemplo.

Essa pergunta ser feita atualmente já é um bom sinal, pois mostra uma preocupação em ver o início da idade fértil como uma questão de saúde. Antigamente, havia muito estigma com as consultas ginecológicas em pacientes jovens. Por isso, ao contrário do que ocorre em outros países, ainda não está tão enraizado na nossa cultura a importância do acompanhamento ginecológico de adolescentes.

Muitos médicos ouvem dos responsáveis que há um receio em iniciar precocemente essa medida, pois acreditam que poderiam desencadear um início precoce da vida sexual das adolescentes. No entanto, essa visão é baseada em um preconceito que não se baseia em nenhuma evidência. Até hoje, nenhum estudo demonstrou essa relação.

Pelo contrário, o que algumas pesquisas indicam é que as consultas para aconselhamento e acompanhamento das adolescentes podem reduzir o risco de gestações precoces e de infecções sexualmente transmissíveis. Por exemplo, a vacinação contra o HPV deve preferencialmente ser completada antes do início da vida sexual, protegendo a adolescente contra as consequências de uma infecção.

Quer saber mais sobre o tema e entender por que é tão importante abandonar o preconceito das consultas ginecológicas das adolescentes? Acompanhe nosso post!

Quando é feita a transição da pediatria para a ginecologia?

Primeiramente, é importante enfatizar que não é feita uma transição completa. A ginecologia é uma especialidade que cuida da saúde da mulher, com foco especial nas condições relacionadas ao sexo. Por sua vez, a pediatria cuida de outras questões importantes, como a puericultura e o acompanhamento de doenças sistêmicas.

Então, em grande parte dos casos, a adolescente será acompanhada pelos médicos das duas especialidades. À medida que o organismo da mulher amadurece, o acompanhamento da pediatria é substituído pela clínica médica do adulto. Na fase de transição, existe também o hebiatra, que cuida das questões ligadas à adolescência especificamente. Mesmo nesses casos, o ginecologista também acompanha a mulher.

Quando a adolescente deve ir ao ginecologista?

Essa é uma dúvida muito comum entre os pais e responsáveis. É muito importante entender que não existe uma idade ou um marco que indique essa necessidade. Nesse sentido, é essencial que a decisão seja individualizada. Em muitos casos, o pediatra pode ser um parceiro importante para ajudar na decisão.

A adolescência é a transição entre a infância e a idade adulta. O principal marco da transição para essa fase é a primeira menstruação, a menarca, ocorrendo geralmente entre os 12 e os 16 anos de idade.

Essa faixa etária é uma média com base no que é mais comum na população. Entretanto a puberdade pode se iniciar precocemente ou, mesmo, tardiamente. No entanto, diversas mudanças físicas podem ocorrer antes, na pré-puberdade, entre os 8 e 9 anos (em geral). Por exemplo, o crescimento dos brotos mamários que precedem a menarca, indicando o início do processo de maturação da função reprodutiva da mulher.

A menarca define o início dos ciclos menstruais, nos quais ocorrem a ovulação, que determina a fertilidade. Inicialmente, na adolescência, os ciclos menstruais ainda são irregulares. Portanto, nem todos os meses levam os ovários a liberar um óvulo para ser fecundado.

Mesmo assim, já é possível engravidar. A gravidez na adolescência deve ser uma preocupação importante, visto que pode trazer riscos físicos e sociais para a mulher em formação. Por isso, o aconselhamento de planejamento familiar é importante, podendo ser conduzido por um ginecologista.

Muitas vezes, os responsáveis definem a primeira menstruação como um indicador da necessidade de consultar um ginecologista. Contudo, não há uma regra que determine o momento ideal da primeira consulta ao ginecologista. A consulta especializada poderá ocorrerá se:

  • a menstruação tiver alguma anormalidade;
  • o desenvolvimento da maturidade sexual prejudicar a qualidade de vida da adolescente;
  • ele vier acompanhada de alguma outra dificuldade.

Também pode ser feito caso a própria adolescente expresse querer ir a um ginecologista ou o pediatra indicar que essa consulta pode ser necessária. Caso contrário, não há um motivo real para consultar um ginecologista.

Vínculo ginecologista-adolescente

Um dos motivos para uma adolescente consultar um ginecologista na adolescência é conhecer melhor o próprio corpo e as mudanças pelas quais ele passará no futuro. Afinal, a puberdade envolve muitas mudanças e é importante saber mais sobre os órgãos sexuais externos e internos.

Durante o treinamento do ginecologista, ele aprende também as habilidades necessárias para comunicar e educar as adolescentes sobre isso, além de engajá-las no autocuidado. Tudo é feito com bastante empatia e acolhimento, visto que podem surgir muitas ansiedades nessa fase da vida.

Na primeira consulta, é possível esclarecer diversas dúvidas. Dessa forma, a adolescente pode se preparar para enfrentar esse período de tantas transformações. Portanto, é um vínculo baseado no respeito, na empatia, no acolhimento e na educação em saúde. Depois disso, uma rotina será estabelecida para que a relação médico-paciente seja aprofundada e fortalecida com confiança e respeito. Então, além de saber quando a adolescente deve ir ao ginecologista, é essencial também entender a importância da qualidade desse contato.

Quer saber mais sobre esse e outros temas da ginecologia da adolescência? Confira nosso post sobre quando deve acontecer a primeira consulta com um ginecologista!

Gestação e idade: riscos e cuidados

Gestação e idade: atualmente, passamos por uma transformação cultural em relação à fertilidade das mulheres. Elas progressivamente estão escolhendo gestar em idades cada vez mais avançadas. Há algumas décadas, a situação era oposta: a gravidez precoce, na adolescência, era muito comum.

Ambos os casos, porém, estão relacionados a riscos aumentados de desenvolvimento de complicações antes e após as gestações. Quer entender melhor o tema? Acompanhe o nosso post!

Qual a relação entre gestação e idade?

No Manual da Gestação de Alto Risco, o Ministério da Saúde aponta que, potencialmente, há um risco aumento de complicações nas seguintes faixas etárias:

  • mulheres com menos de 17 anos; ou
  • mais de 35 anos de idade.

No entanto, a relação não é de causa e consequência direta. Na verdade, a maioria das mulheres com gestações nesses extremos de idade são capazes de gerar nascimentos vivos e saudáveis. Portanto, a idade apenas não é um motivo para a classificação de uma gestação de alto risco.

Gestação e idade: riscos e cuidados associados a gestações tardias, depois dos 35 anos

A fertilidade da mulher começa declinar a partir da terceira década de vida. A partir desse corte de idade, existe um aumento progressivo do risco de complicações gestacionais.

Contudo os estudos mostram que mesmo mulher com mais de 45 a 50 anos apresentam gestações geralmente saudáveis. Por isso, sempre quando falamos em risco gestacional e idade materna avançada, é preciso ter bastante cautela. Não existe uma relação causa e consequência.

A gestações em mulheres após os 35 estão sim associadas a riscos aumentado de complicações da gravidez, como:

  • Nas fases iniciais da gestação —aborto espontâneo, gravidez ectópica e anomalias cromossômicas fetais;
  • No desenvolvimento das gestações Anomalias congênitas, diabetes gestacional, placenta prévia e pré-eclâmpsia;
  • No parto, pode haver uma maior chance de evolução para partos cesarianos e partos prematuros;
  • Após o nascimento, pode haver também um leve aumento de risco de mortalidade perinatal.

Contudo alguns desses riscos estão mais ligados às doenças cuja frequência aumenta a partir dessa idade, como a hipertensão arterial e a diabetes mellitus tipos 2. Outros, porém, estão diretamente relacionados à idade, como uma maior chance de bebês com anomalias cromossômicas. Isso ocorre principalmente devido ao envelhecimento dos óvulos.

Mesmo assim, é muito importante que elas melhorem suas condições de saúde com medidas, como:

  • Controle de doenças crônicas que impactam na gestação, como a hipertensão arterial (pressão alta) e a diabetes;
  • Tratamento de infecções no aparelho geniturinário;
  • Imunização;
  • Redução do índice de massa corporal (IMC) caso estejam com obesidade;
  • Cessação de maus hábitos, tais quais o uso de drogas, o tabagismo e o alcoolismo.

Todas essas medidas podem ser orientadas em uma consulta preconcepcional com um ginecologista. Nesse momento, o profissional vai explicar todas as medidas que poderão impactar na sua gestação.

Gestação e idade: riscos e cuidados associados a gestações precoces, antes dos 17 anos

A gestação antes dos 17 anos é conhecida popularmente como gravidez na adolescência. Isso traz riscos muito complexos, pois extrapolam as questões orgânicas apenas. Uma das grandes questões nas gestações precoces é a saúde mental, por exemplo. As adolescentes apresentam um risco aumentado de desenvolver depressão pós-parto.

Há também questões que vão além dos riscos físicos. As adolescentes com filhos têm menor chance de concluir o ensino médio, por exemplo. Alguns estudos apontam que elas podem ser mais vulneráveis à violência por um parceiro.

Os estudos americanos mostram que 15% das gestações diagnosticadas em adolescentes evoluem para abortamentos espontâneos. Além disso, as adolescentes são mais propensas a tentar uma interrupção provocada da gravidez. Assim, podem sofrer lesões graves, intoxicar-se com substâncias ou, em um ponto extremo, suicidarem-se.

As crianças de mães mais novas também parecem ser afetadas, tendo:

  • Maior risco de desenvolvimento de transtornos cognitivos;
  • Maior chance de apresentar problemas escolares;
  • Maior risco de negligência.

Além disso, filhas de gestações precoces apresentam uma maior probabilidade de terem também uma gravidez na adolescência.

O acompanhamento da gestação por um médico pode ajudar a prevenir esses problemas. Afinal, o papel do profissional pode ir muito além de tratar as condições físicas. Está também em acolher a adolescente — sem julgamentos —, abordar todas as questões da gravidez nessa faixa etária e educar para evitar a efetivação dos riscos encontrados.

A idade, por si só, não é um fator que leva a uma gestação de alto risco. No entanto, para identificar ameaças precocemente, é essencial que o pré-natal seja adequado, com consultas periódicas, e que haja um acolhimento completo e empático da mulher com um gravidez em extremos de idade.

Se possível, o processo de aconselhamento da gestação deve ocorrer antes mesmo da fecundação. As consultas pré-concepcionais e de planejamento familiar são um instrumento que a ginecologia e a obstetrícia têm para melhorar o prognóstico da fertilidade da mulher e do desenvolvimento de uma gestação. Lá, ela terá um espaço dela para tirar as dúvidas (inclusive sobre gestação e idade), conversar sobre suas emoções e compreender seu estado de saúde.

Quer mais sobre as gestações de alto risco? Então, confira nosso artigo sobre o assunto!

Gestação de alto risco: quando considerar essa situação?

As gestações de alto risco são aquelas em que o médico identifica um ou mais fatores relacionados a uma maior chance de ocorrência de uma complicação. Com isso, é necessário mudar a rotina dos cuidados pré-natais para melhorar o prognóstico de saúde da mãe e do bebê.

Portanto, passar pelo pré-natal de alto risco não significa que algum evento negativo vai ocorrer. Significa que todas as precauções médicas humanizadas, individualizadas e baseadas em evidências serão tomadas para trazer mais segurança materna e fetal. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe este post!

O que é uma gestação de alto risco?

Uma gestação é considerada de alto risco quando ela apresenta fatores que aumentam as chances de alguma complicação para a mãe e/ou o bebê. Em alguns casos, o risco está relacionado a fatores biológicos relacionados a uma maior frequência de:

  • Morte ou adoecimento materno devido à gravidez ou ao parto;
  • Abortamentos;
  • Partos prematuros;
  • Malformação do feto;
  • Óbito fetal antes, durante ou após o parto;
  • Complicações no puerpério, como a depressão pós-parto.

No entanto, não são apenas os fatores físicos que aumentam o risco dessas complicações,

  • Dificuldade para a aceitação;
  • Violência psicológica ou física;
  • Falta de suporte social adequado;
  • Condições financeiras inadequadas;
  • Dificuldade para compreender os cuidados necessários para uma gestação saudável.

Tudo isso pode exigir um acompanhamento mais próximo, intenso e frequente em comparação às gestações habituais. Portanto, recebem a classificação de gestação de “alto risco”.

Quais são os fatores que levam a uma gestação de alto risco?

Diversos fatores podem levar à necessidade de um acompanhamento pré-natal de alto risco. Em alguns casos, a presença de apenas um critério é suficiente para demandar esse cuidado. Em outros, a classificação é devido à associação de dois ou mais fatores.

De qualquer modo, é muito importante que você entenda que a decisão é sempre individualizada para cada mulher e para cada gestação.

Idade materna

Há maior risco de complicações gestacionais nos dois extremos da vida reprodutiva de uma mulher. A gravidez precoce (antes dos 17 anos de idade) traz mais riscos devido à imaturidade do corpo, especialmente do sistema reprodutor feminino.

Por sua vez, após 35 anos de idade, a produção de hormônios sexuais da mulher está reduzida, o que impacta na receptividade do endométrio, por exemplo. Além disso, o envelhecimento dos gametas aumenta o risco de os óvulos apresentarem algum defeito genético. Então, há uma maior chance de ocorrerem abortamentos e malformações congênitas.

Fatores sociais e pessoais

Há também algumas características que estão ligadas a um maior risco para a mulher e a gestação, como:

  • “Altura menor que 1,45 m;
  • Peso pré-gestacional menor que 45 kg e maior que 75 kg (IMC30);
  • Anormalidades estruturais nos órgãos reprodutivos;
  • Situação conjugal insegura;
  • Conflitos familiares;
  • Baixa escolaridade;
  • Dependência de drogas lícitas ou ilícitas;
  • Hábitos de vida – fumo e álcool;
  • Exposição a riscos ocupacionais, como esforço físico, carga horária, rotatividade de horário, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos nocivos, estresse”.

Condições médicas pré-existentes

Algumas condições médicas presentes antes da gravidez impactam o prognóstico de uma gestação saudável. As principais são:

  • Hipertensão arterial sistêmica;
  • Doenças pulmonares (pneumopatias), renais (nefropatias) e cardíacas (cardiopatias) que reduzem a capacidade funcional desses órgãos;
  • Diabetes mellitus;
  • Doenças autoimunes, como o lúpus eritematoso sistêmico;
  • Infecções sexualmente transmissíveis, entre outras;
  • Doenças hematológicas;
  • Epilepsia;
  • Neoplasias malignas;
  • Exposição indevida, acidental, ambiental ou ocupacional a fatores teratogênicos, isto é, com capacidade de prejudicar a formação do bebê.

Histórico gestacional

Eventos que ocorreram em gestações prévias também podem ser um sinal de alerta para um cuidado mais próximo com a gestante. Alguns exemplos são a história de:

  • Abortamento de repetição;
  • Morte perinatal explicada e inexplicada;
  • Malformações congênitas;
  • Parto prematuro;
  • Depressão pós-parto;
  • Pré-eclâmpsia ou eclâmpsia;
  • Diabetes gestacional;
  • Cirurgia uterina anterior, incluindo duas ou mais cesáreas;
  • Síndrome hemorrágica ou hipertensiva;
  • Ausência de gestações anteriores (nuliparidade) ou de muitas gestações prévias (grande multiparidade);
  • Intervalo entre gestações menor que dois anos ou maior que cinco anos;
  • Esterilidade ou infertilidade.

Condições médicas que surgem durante a gestação

Mulheres previamente saudáveis podem apresentar algumas complicações ligados ao contexto gestacional. Como vimos, as gestações provocam mudanças significativas no corpo, o que pode levar a um maior risco de comprometimento da saúde.

Algumas doenças gestacionais que podem levar ao pré-natal de alto risco são:

  • Pré-eclâmpsia, cuja manifestação mais frequente é o aumento da pressão arterial associado à presença de proteína na urina. Contudo pode ser diagnosticada a partir de outros critérios;
  • Eclâmpsia, que á a ocorrência de convulsões ou coma em pacientes diagnosticadas previamente com algum quadro hipertensivo (inclusive a pré-eclâmpsia);
  • Diabetes gestacional, que é o aumento dos níveis de glicose (um tipo de açúcar no sangue) durante a gravidez.

Outros problemas relacionados à gravidez são:

  • Ganho inadequado de peso da gestante;
  • Trabalho de parto prematuro, que inicia antes da 37ª semana de gravidez;
  • Gravidez múltipla (mais de 1 bebê);
  • Doenças infeciosas durante a gestação atual, como infecções urinárias, doenças do trato respiratório, rubéola e toxoplasmose;
  • Desvio do crescimento uterino (como fetos pequenos ou grandes para a idade gestacional), número de fetos (gestação múltipla) e volume de líquido amniótico (oligodrâmnio ou polidrâmnio);
  • Rompimento prematuro da bolsa;
  • Hemorragias gestacionais;
  • Insuficiência istmocervical;
  • Aloimunização;
  • Óbito fetal.

Portanto, a classificação de uma gestação de alto risco não é uma “profecia” de que a evolução acontecerá de forma negativa. Pelo contrário, em muitos casos, ela significa que alguns cuidados médicos poderão reduzir as chances de uma complicação mais grave e proporcionar um nascimento saudável para a mãe e o bebê.

Quer saber mais sobre esse tema? Confira este artigo!

Amamentação e nutrição materna: qual a relação?

Os principais órgãos de saúde de todo o mundo recomendam a amamentação até 2 ou 3 anos de idade. Quando possível, é muito importante que o leite seja o único alimento consumido pelo bebê nos seus 6 primeiros meses de vida (aleitamento materno exclusivo). A partir dos seis meses até 1 ano, a introdução de novos alimentos pode ser feita progressivamente, de acordo com orientação médica.

Isso traz muitos benefícios para o bebê, reforçando o seu sistema imunológico e um desenvolvimento saudável. Mas qual a relação da alimentação da mãe com a amamentação?

Existe uma relação direta entre esses dois pontos. Afinal, o leite materno é formado a partir dos nutrientes disponíveis no organismo da mulher. Portanto, se a nutrição dela não é adequada, a qualidade do leite fica comprometida. Quer entender melhor? Acompanhe!

Qual a relação da alimentação da mãe com a constituição do leite?

O leite materno é constituído principalmente das seguintes substâncias, que são obtidas a partir da dieta da mãe:

  • Água — é o principal componente do leite, dissolvendo todos os nutrientes essenciais para o bebê. Portanto, se a mulher está desidratada ou não ingere a quantidade de água adequada, haverá uma maior dificuldade para a produção de leite;
  • Proteínas — são os “tijolos” que foram o nosso organismo, auxiliando a estruturar os órgãos e tecidos, além de terem outras funções em todos os sistemas corporais, como o imunológico, e neurológico. Se não há a ingestão de quantidade suficiente de proteínas, o leite não terá a concentração necessária para o crescimento e o desenvolvimento do bebê;
  • Gorduras — existem vários tipos de gorduras, todas elas são essenciais para o crescimento saudável do bebê. Contudo um deles se destaca nas fases iniciais do desenvolvimento, o ômega 3, que está presente em peixes, óleos vegetais saudáveis e outros alimentos. Ele é fundamental para a formação do sistema nervoso;
  • Açúcares — são as moléculas utilizadas como energia pelo nosso corpo. O leite é rico em um tipo de carboidrato chamado de lactose, formado pelas glândulas mamárias a partir de outros açúcares presentes no sangue da mãe;
  • Micronutrientes (sais minerais e vitaminas) — são substâncias com diversas ações no nosso organismo. No leite, o cálcio é especialmente importante, pois será utilizado pelo organismo do bebê para formar os ossos. Como nos primeiros meses e anos de vida, o crescimento é acelerado e o corpo deles precisa de quantidades elevadas de cálcio.

Quais são as recomendações nutricionais para a mulher que está amamentando?

A produção de leite aumenta a necessidade de consumo de nutrientes pelo corpo da mulher. Para as mães com bom estado nutricional, existe a recomendação de que ela consuma 330 a 400 quilocalorias (kcal) em relação às necessidades fora do período de amamentação. Esse cálculo deve feito de forma individualizada, sob auxílio de um médico ou nutricionistas.

Afinal, as necessidades nutricionais variam de acordo com:

  • Sexo;
  • Idade;
  • Altura;
  • Peso atual;
  • Níveis de atividade física;
  • Estado nutricional prévio;
  • Eventos que ocorreram na gestação.

Portanto, uma lactante que pratica atividades físicas precisará consumir uma quantidade maior de energia do que uma sedentária. Da mesma forma, uma paciente com algum tipo de desnutrição ou que perdeu muito sangue durante o parto pode precisar suplementar a ingesta de algum nutriente.

Outras recomendações mais específicas são:

  • Se a mulher for vegetariana ou vegana, a quantidade de alguns micronutrientes (ácido fólico e ferro) pode não ser suficiente. Então, nesses casos, pode ser indicada a suplementação com polivitamínicos;
  • Mulheres com problemas nutricionais e algumas doenças podem também necessitar de suplementação, que deve sempre ser prescrita por um médico;
  • A mulher deve enriquecer a dieta com alguns alimentos que contêm maiores níveis de nutrientes essenciais para os primeiros anos de desenvolvimento do bebê, mais laticínios, ovos, proteínas animais (especialmente animais marinhos de boa origem), leguminosas, entre outros.

Restrições alimentares

As mães devem estar atentas aos alimentos com cafeína, como:

  • Café;
  • Alguns tipos de chá e refrigerantes;
  • Bebidas energéticas;
  • Chocolate.

Quando consumida em quantidade moderada, esses alimentos não provocam nenhum problema no bebê. O excesso de cafeína, porém, está relacionado com maior irritabilidade, dificuldade para dormir, confusão mental e nervosismo no bebê.

Qual a importância da amamentação para o bebê?

Na primeira semana de amamentação, o leite materno apresenta algumas características diferentes. Ele é mais amarelado, espesso e é liberado em menor quantidade. Isso se deve a uma maior concentração de gorduras e minerais que são importantes para o sistema imunológico do bebê, bem como anticorpos maternos. Além de prover todos os nutrientes necessários, o colostro dá um reforço intenso à imunidade do lactente.

Depois disso, o leite materno ganha as características habituais, como a cor branca e uma espessura mais fina. Mesmo assim, ele continua a fornecer anticorpos e outros elementos para o reforço imunológico e atende a todas as necessidades nutricionais dos bebês de até 6 a 12 meses de vida. Além disso, traz outros benefícios, como:

  • Redução do risco de doenças respiratórias, alergias, diabetes e alguns tipos de câncer;
  • Durante o contato corpo a corpo na amamentação, o organismo do bebê libera substâncias que dão uma maior sensação de segurança para ele. Na mulher, há também o estímulo neuroendócrino que fortalece o vínculo com a cria;
  • Alguns estudos apontam que a amamentação também está associada a coeficientes de inteligência (QI) mais elevados e um neurodesenvolvimento mais saudável.

Qual tempo de amamentação ideal?

Amamentação materna exclusiva por 6 meses de vida (180 dias). Entre 6 meses e 2 anos de vida ou mais, a amamentação pode ser complementada com outros alimentos. A introdução precoce de alimentos complementares está associada a prejuízos para a saúde do bebê, como:

  • Episódios de diarreia mais frequentes;
  • Maior risco de hospitalização por doenças respiratórias;
  • Risco de desnutrição elevado;
  • Menor duração do aleitamento materno como um todo.

No aleitamento materno exclusivo, é necessário que o bebê receba suplementos com ferro a partir do 4º mês. A dose do suplemento será reduzida à medida que sejam inseridos alimentos ricos nesse sal mineral em sua dieta, o que geralmente ocorre a partir de um ano de idade.

Muitas pessoas pensam que o aleitamento materno deixa de ser importante após o bebê completar 6 meses ou 12 meses de vida. Mas isso é um erro! Diversos estudos mostram que as crianças que não eram amamentadas até o final do segundo ano de vida tinham 2 vezes mais chances de morrer por uma doença infecciosa.

Em outras palavras, as crianças amentadas por mais tempo são mais protegidas contra infecções graves. Inclusive, alguns estudos vêm mostrando que os anticorpos de mulheres vacinadas contra a Covid-19 podem ser transmitidos no leite materno, podendo proteger os bebês contra essa doença.

Sempre que a mulher puder oferecer a amamentação, é importante que ela considere mantê-la pelos períodos indicados acima. As fórmulas podem ser indicadas quando a mulher tiver alguma contraindicação ou impossibilidade de amamentar. Afinal, apesar de conterem todos os nutrientes necessários para a formação do corpo do bebê, as fórmulas não apresentam outras substâncias que trazem benefícios para ele, como os anticorpos que ajudam na proteção contra infecções.

Quer saber mais sobre outros benefícios da amamentação para a mãe e o bebê? Confira nosso artigo sobre o tema!

Fisioterapia pélvica: o que é e quando pode ser feita?

Atualmente, existem muitos recursos para ajudar as mulheres a passarem pela gravidez com o maior bem-estar possível. É natural que muitas mudanças ocorram e sintomas surjam, porém é possível minimizá-los com medidas preventivas e terapêuticas, como a fisioterapia pélvica.

Ela consiste em melhorar o condicionamento das estruturas do assoalho pélvica, que se torna mais alongado e fraco devido às alterações gestacionais normais. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe o nosso post!

O que é fisioterapia pélvica?

A fisioterapia pélvica é um tratamento altamente individualizado para cada mulher, abordando suas características e suas queixas em um plano terapêutico personalizado.

O programa terapêutico tem o objetivo de fortalecer a musculatura pélvica e o tecido conjuntivo do local, podendo incluir:

  • Treinamento muscular — exercícios rítmicos e repetitivos com a finalidade de fortalecer as fibras musculares e os ligamentos pélvicos;
  • Biofeedback — equipamentos que mede as respostas fisiológicas do corpo e oferecem feedbacks para treinar a paciente a controlar suas funções orgânicas melhor;
  • Estimulação elétrica — são correntes elétricas de baixa intensidade para estimular o fortalecimento muscular.

Tradicionalmente, esse tratamento era indicado para mulheres com queixas de incontinência urinária ou fecal persistente, dor miofascial, entre outras.

No entanto, nos últimos anos, percebeu-se que as técnicas podem ser utilizadas durante a gestação e no pós-parto, atuando tanto no tratamento quanto na prevenção de sintomas. Múltiplos estudos mostraram a eficácia dessa abordagem, que é recomendada nos melhores protocolos clínicos.

Fisioterapia pélvica na gestação

O corpo da mulher passa por diversas alterações hormonais e anatômicas durante as gestações. Algumas delas, associadas ao peso exercido pelo útero sobre o assoalho pélvico, enfraquecem os músculos da região. Com isso, podem surgir complicações que permanecem, até mesmo, no pós-parto.

Para prevenir ou tratar as queixas, a fisioterapia pélvica está indicada e pode ser realizada com segurança durante a gravidez. Os exercícios são escolhidos de acordo com a idade gestacional geralmente iniciados durante o segundo trimestre.

Esse momento é ideal, pois há uma redução do risco de perdas gestacionais, além de uma melhora na disposição da gestante, — com menos enjoos e sonolência.

Os principais objetivos da fisioterapia pélvica são:

  • a preparação do assoalho pélvico para o parto, o que reduz o risco de complicações pélvicas, como a incontinência urinária, dor crônica e até lacerações;
  • prevenir e minimizar os problemas da gestação, como a perda miccional involuntária, a urgência urinária, a dor lombar e o aumento da pressão pélvica.

Quanto antes a fisioterapia é iniciada, melhores são as chances de um resultado satisfatório. Afinal, é possível obter um melhor condicionamento da musculatura e prepará-la para o crescimento do peso que o útero exerce na pelve à medida que o bebê se desenvolve.

Nas semanas próximas ao parto, o foco dos exercícios será o alongamento dos músculos da pelve e do quadril, um fenômeno natural e frequente no pós-parto. Para isso, utiliza-se a massagem perineal.

 Benefícios da fisioterapia na gestação

  • Facilitação do parto — tornar a pelve mais adaptável ao tamanho da cabeça do bebê a fim de facilitar o encaixe e a evolução pelo canal de parto;
  • Redução do risco de realização de uma episiotomia e de outros procedimentos invasivos de assistência ao parto — tendo em vista o benefício anterior, pode-se evitar a necessidade de uma episiotomia, corte na região do períneo para facilitar a passagem do bebê. Esse procedimento invasivo torna a recuperação pós-parto mais complexa e longa;
  • Redução das dores do parto — por melhorar a funcionalidade da musculatura pélvica, a fisioterapia pode ajudar a reduzir as dores do trabalho de parto e da passagem do bebê pelo canal vaginal;
  • Ajudar a melhorar a postura e a circulação, o que reduz o edema na região;
  • Melhorar o condicionamento respiratório e treina a respiração da gestante para o parto;
  • Treinar a mulher para o direcionamento correto da força que ela precisa realizar durante o parto.

Com isso, é possível reduzir o risco de desenvolvimento de disfunções mais expressivas no pós-parto, como:

  • Incontinência urinária;
  • Dor nas relações sexuais, a dispareunia;
  • Vaginismo, isto é, espasmos na região da vagina;
  • Incontinência fecal;
  • Constipação;
  • Diástase abdominal (afastamento dos músculos abdominais);
  • Micção noturna (noctúria);
  • Inflamação da bexiga (cistite);
  • Dor pélvica crônica.

Fisioterapia pélvica pós-parto

O puerpério é o período que abrange as primeiras semanas (ou meses, de acordo com algumas sociedades médicas) após o parto. Ele pode ser acompanhado de diversas queixas, independentemente do tipo de parto que foi realizado. A dor e o inchaço local são as mais frequentes, podendo ser adequadamente minimizadas com a fisioterapia pós-parto

Como vimos, a fisioterapia é uma forma de prevenção e tratamento de muitos sintomas relacionados com a gestação. Assim, o trabalho de redução de risco de complicações pós-parto pode começar durante a gravidez. Ele também poderá ser iniciado ou continuado no após o nascimento do bebê.

Os objetivos e benefícios serão muito semelhantes àqueles que falamos acima. Em todo o caso, o melhor momento para iniciar a fisioterapia é indicado pelo seu obstetra, o qual conhece as suas características e as de sua gestação.

A fisioterapia pós-parto está indicada especialmente para as mulheres que passaram pela episiotomia, uma incisão feita na região do períneo para ampliar o canal de parto. Esse grupo tem maiores dificuldades de recuperação pós-parto. O tratamento também está indicado para quem teve outras abordagens invasivas para o parto.

Outro grupo com maior vulnerabilidade a disfunções pélvicas são as pacientes com múltiplas gestações. Afinal, elas passaram repetidamente por um maior estresse das estruturas do assoalho pélvico e do períneo, como um todo.

As técnicas têm o objetivo de:

  • Fortalecer os músculos da pelve, do quadril e da coluna lombar que foram alongados durante a gestação. Assim, pode-se reduzir sintomas de dor e desconforto postural;
  • Fortalecer e promover o controle voluntário da musculatura do períneo para evitar alterações urinárias e fecais.

Até pouco tempo, a maioria das mulheres com esses tipos de queixa eram encaminhadas para a perineoplastia. Contudo, como todo procedimento invasivo, ela apresenta riscos mais elevados de complicações.

Então, ele deve ser feito dentro das indicações em que os estudos mostraram benefícios maiores do que os riscos. Nos demais casos, a fisioterapia pélvica apresenta ótimos resultados, além de ser um tratamento coadjuvante importante para situações mais complexas.

Quer saber mais sobre a fisioterapia pélvica no pós-parto? Confira nosso artigo completo sobre o tema!

Anticoncepcional: quais são os métodos contraceptivos e qual sua eficácia?

Os métodos contraceptivos, conhecidos popularmente como anticoncepcionais, são um importante auxílio para o planejamento familiar das mulheres. No entanto, muitas delas não conhecem as diversas opções disponíveis. Elas vão desde as populares pílulas hormonais até a implantação de dispositivos e a laqueadura.

A escolha por um desses métodos deve ser feita tendo em vista as características de cada mulher e o que elas almejam como método, mediante anamnese e exame clínico em consulta médica. Então, serão avaliados os riscos e os benefícios individualizados das alternativas para uma tomada de decisão compartilhada. Quer entender melhor? Acompanhe!

Anticoncepcional: quais métodos disponíveis?

Métodos hormonais

Os métodos hormonais podem ser administrados de diferentes formas:

  • Orais;
  • Injetáveis;
  • Implantes subcutâneos;
  • Percutâneos;

As pílulas anticoncepcionais são o método contraceptivo mais utilizado pelas mulheres. Por isso, é muito importante saber como elas funcionam.

Eles agem ao:

  • Inibir a ovulação;
  • Tornar o muco do colo uterino mais espesso;
  • Reduzir a receptividade do endométrio a um eventual embrião formado;
  • Modificar a funcionalidade das células que revestem as tubas uterinas, dificultando o transporte de gametas e embriões.

Eles podem ser classificados em:

  • Isolados — utiliza-se apenas um tipo de hormônio como princípio ativo. Por estar menos relacionados a efeitos colaterais mais graves, os análogos da progesterona são os mais utilizados. Elas são uma excelente opção para as mulheres que não podem utilizar medicamentos com estrogênio em sua composição;
  • Combinados — são usados mais de um tipo de hormônio para a composição da pílula. Geralmente, são compostas por um progestágeno e de um estrogênio, cuja dosagem pode variar.

As pílulas combinadas de baixa dosagem de estrogênio geralmente são as mais indicadas como primeira opção para a contracepção hormonal oral. No entanto, a escolha é sempre individualizada de acordo com o perfil de cada mulher, tendo em vista os riscos de saúde, os objetivos dela, doenças pré-existentes, entre outros fatores.

As pílulas hormonais podem vir em cartelas:

  • Com intervalo — a paciente toma as pílulas por 21 ou 22 (só existe uma marca com formulação de 22 e pausa de 6 dias), então faz uma pausa de aproximadamente 7 dias até começar o uso de outra cartela;
  • Sem intervalo — cada cartela vem com 28 comprimidos e não há pausa entre elas. Ou seja, assim que uma acaba, a mulher deve iniciar a próxima. Podem ser todos os comprimidos hormonais, portanto nesses casos a mulher não menstruará, ou com comprimidos inativos, apenas para paciente não se perder em pausas e nesse tipo de cartela, ainda que uso sem pausa, a mulher vai menstruar.

Dispositivos intrauterinos

Hormonais — utilizam baixas doses de progestágenos, que são liberados progressivamente enquanto o dispositivo está na cavidade uterina. Tem a mesma ação dos medicamentos hormonais progestágenos.

Não hormonais — São feitos com componentes metálicos (principalmente o cobre), que causam uma inflamação no ambiente intrauterino. Com isso, há alterações no muco cervical e no endométrio, o que dificulta os processos de transporte dos gametas e a fertilização.

O prazo de validade do DIU varia de acordo com o fabricante, podendo ser de 2 a 10 anos. Durante esse tempo, ele será efetivo para a contracepção, devendo ser trocado antes que “vença”. Não é necessário ter um período de descanso entre os DIUs.

Métodos de barreira

Os métodos de barreira são aqueles que impedem a contracepção ao criar uma barreira física para a passagem dos espermatozoides durante as relações sexuais. Dentre eles, destacam-se as camisinhas feminina e masculina — chamadas tecnicamente de condom. Elas apresentam várias vantagens, como:

  • São o único capaz de prevenir o HIV, as infecções sexualmente transmissíveis mais graves e evitar a gravidez simultaneamente;
  • Não exigem um acompanhamento médico especializado para uso;
  • Estão disponíveis em farmácias e são distribuídas gratuitamente em diversos locais sem que a pessoa precise passar por um atendente.

Outros métodos de barreira são:

  • Diafragma — são uma espécie de capuz flexível feito de látex ou silicone. São inseridos dentro da vagina para recobrir o colo uterino, desse modo impedem que os espermatozoides avancem para a cavidade uterina. A própria mulher o colocará anteriormente às relações sexuais. É muito importante que sejam colocados da forma indicada, pois a eficácia depende do uso correto, rotineiro e consistente (em todas as relações sexuais);
  • Esponja contraceptiva — também é inserida na vagina para cobrir o colo do útero, impedindo a entrada de espermatozoides.

Métodos comportamentais

A tabelinha é utilizada por muitas mulheres para evitar uma gravidez, mas não se trata de um método contraceptivo propriamente dito. Afinal, sua eficácia é baixa e não é tão confiável para esse objetivo.

Métodos cirúrgicos

A laqueadura, — “ligadura das trompas” —, é um método contraceptivo potencialmente irreversível. Por isso, é considerada uma técnica de esterilização.

Anticoncepção de emergência

Trata-se da administração de anticoncepcionais orais em doses mais altas após uma relação sexual desprotegida. Ela pode ser utilizada quando a mulher não está em uso de nenhum outro método contraceptivo eficaz.

Eficácia dos anticoncepcionais

  Taxa de falha com uso regular e correto Taxa de falha com uso regular
Implantes 0,05 0,05
Vasectomia 0,1 0,15
Esterilização feminina 0,5 0,5
DIU com cobre 0,6 0,8
DIU com levonorgestrel 0,2 0,2
Injetáveis mensais 0,05 3
Injetáveis só de progestogênio 0,3 3
Anticoncepcionais orais combinados 0,3 8
Pílulas orais só de progestogênio 0,3 8
Adesivo combinado 0,3 8
Anel vaginal combinado 0,3 8
Preservativos masculinos 2 15
Diafragmas com espermicida 6 16
Preservativos femininos 5 21
Espermicidas 18 29
Nenhum método 85 85

 

A escolha do método anticoncepcional é feita de forma individualizada, tendo em vista os desejos da paciente e os riscos/benefícios de cada caso. O seu médico vai ajudá-la a entender como cada um funciona e oferecer todo o suporte para a sua decisão.

Quer saber mais sobre os contraceptivos e seu uso? Confira nosso artigo sobre o tema!

Depressão pós-parto: o que é e por que acontece?

A depressão pós-parto é caracterizada pela presença de sintomas depressivos que surgem ou se intensificam no primeiro ano após o parto. O diagnóstico da depressão pós-parto é clínico, isto é, feito com base nos sintomas da paciente. Ou seja, não é necessário nenhum exame complementar, como dosagens hormonais, para confirmar esta condição.

Ela acontece devido às diversas mudanças no organismo da mulher no pós-parto, pelos desafios da maternidade, por problemas pessoais/sociais, entre vários outros motivos. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe!

O que é depressão pós-parto?

Brevemente, a depressão pós-parto pode ser definida como a persistência de sintomas depressivos após 45 dias após o nascimento do bebê.

O diagnóstico da depressão pós-parto

Os critérios usados para o diagnóstico são os mesmos da depressão em geral, sendo necessário que, ao menos, 5 deles estejam presentes:

  • Humor deprimido na maior parte do dia (emoções como tristeza, vazio emocional, desesperança e culpa);
  • Interesse diminuído ou abolido em atividades que davam prazer;
  • Perda de peso sem dieta e acima daquela esperada no estágio puerperal;
  • Insônia ou excesso de sono quase todos os dias. Esse sintoma deve ser avaliado com cuidado, pois mães podem ser acordadas frequentemente durante a noite e tem cansaço;
  • Agitação ou retardo psicomotor;
  • Fadiga ou perda de energia durante grande parte do dia;
  • Sensação de inutilidade, preocupação ou culta excessiva;
  • Dificuldade de concentrar;
  • Pensamentos recorrentes de morte, que vão além do medo de morrer.

Algumas pesquisas científicas mostram que o início dos sintomas da depressão pós-parto ocorre:

  • Em 20% das mulheres — antes da gestação;
  • 38% — durante a gestação;
  • 42% — após o parto.

Mulheres com um quadro depressivo anterior podem ser diagnosticadas com a depressão pós-parto quando há uma persistência dele no pós-parto. Afinal, a presença desses sintomas pode desencadear dificuldade no cuidado próprio e do bebê, o que demanda um acompanhamento médico com um olhar nesse desafio.

Em relação à depressão que se inicia após o parto, ela ocorre principalmente nos primeiros meses após o nascimento do bebê:

  • 54% no primeiro mês;
  • 40% em 2 a 4 meses;
  • 6% em 5 a 12 meses.

Depressão pós-parto e baby blues

Nem todo humor rebaixado no pós-parto significa depressão pós-parto. Há alterações que são relativamente normais. Os estudos mostram que diversas mudanças hormonais ocorrem no corpo da mulher no pós-parto. Isso tem um impacto nos neurotransmissores responsáveis pela sensação de alegria, bem-estar, medo, entre outras emoções.

Até 90% das mulheres relatam algum dos seguintes sintomas nesse período:

  • Choro inexplicável;
  • Irritabilidade;
  • Tristeza;
  • Inquietação;
  • Dificuldades para dormir.

Somado a isso, ela ainda enfrenta a adaptação aos desafios explicados anteriormente. Portanto, o puerpério é naturalmente um momento em que a mulher pode se sentir frágil e insegura.

Depressão pós-parto e baby blues

No entanto, na maior parte dos casos, esses sintomas não são patológicos. É o chamado baby blues, que é uma resposta às mudanças físicas pós-parto e aos desafios dos cuidados com o bebê. Os sintomas são mais leves e a mulher nota uma melhora gradual durante o puerpério. O baby blues dura, no máximo, 30 a 45 dias.

Contudo estima-se que, pelo menos, 9% das mulheres evoluam para um quadro de depressão pós-parto. Para identificá-la no dia a dia, ela ou pessoas próximas podem notar as seguintes alterações:

  • Humor deprimido ou alterações graves;
  • Choro excessivo;
  • Dificuldades em cuidar e se relacionar com o bebê;
  • Afastamento do parceiro, de amigos e familiares;
  • Alterações nos hábitos alimentares;
  • Dificuldades para dormir;
  • Fadiga e perda de energia;
  • Perda de interesse em atividades antes prazerosas;
  • Irritabilidade e raiva intensas;
  • Insegurança diante da maternidade;
  • Falta de esperança;
  • Sentimentos como inutilidade, vergonha, culpa ou inadequação;
  • Dificuldades de concentração;
  • Dificuldades em tomar decisões;
  • Falta de clareza;
  • Inquietação;
  • Ansiedade mais severa e ataques de pânico;
  • Pensamentos autodestrutivos ou de prejudicar o bebê;
  • Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio.

Por que a depressão pós-parto pode acontecer?

A depressão pós-parto surge devido a múltiplos fatores tanto orgânicos quanto emocionais. Ainda não há uma explicação definitiva sobre os mecanismos que levam a depressão pós-parto. Veja alguns fatores orgânicos relacionados à condição:

  • Genética — pode haver uma relação de alguns genes com a predisposição ao desenvolvimento da depressão pós-parto;
  • Mudanças hormonais — os níveis sanguíneos de diversos hormônios se modificam no pós-parto. Por exemplo, há uma redução da progesterona e do estrogênio. Também ocorre flutuações nos níveis de cortisol (hormônio do estresse), melatonina (hormônio do sono), ocitocina (hormônio do bem-estar) e da tireoide (hormônios que regulam o metabolismo). Isso deixa as mulheres mais vulneráveis a estados depressivos;
  • Alterações nos neurotransmissores — a dopamina, a norepinefrina e a serotonina são substâncias relacionados à motivação, ao prazer e à alegria. Seus níveis são reduzidos durante o estado depressivo.

Fatores de risco para a depressão pós-parto

  • Histórico de depressão, durante a gravidez ou em outros momentos;
  • Mulheres portadoras de transtorno bipolar;
  • Mulheres que tiveram depressão pós-parto em uma gravidez anterior;
  • Mulheres com histórico pessoal ou familiar de depressão ou de outros transtornos de humor;
  • Eventos estressantes durante a gravidez;
  • Se o bebê tem problemas de saúde ou outras necessidades especiais;
  • Gravidez de múltiplos;
  • Dificuldades para amamentar;
  • Problemas de relacionamento com o parceiro;
  • Falta de apoio;
  • Quando a gravidez não é planejada ou desejada;
  • Problemas financeiros.

O que fazer se perceber sintomas da depressão pós-parto?

É muito importante que a mulher passe pelas consultas de puerpério rotineiras, que são marcadas para as primeiras semanas de pós-parto. Nelas, são feitas algumas perguntas que ajudam a rastrear aquelas com maior vulnerabilidade ao desenvolvimento da depressão pós-parto. Assim, um acompanhamento e um diagnóstico precoce podem ser realizados.

Caso ela perceba os sintomas e não tenha uma consulta marcada, também pode agendar uma avaliação com médica. Preferencialmente, mas não exclusivamente, ela deve ser feita ginecologista/obstétrica que acompanhou o pré-natal ou o parto.

Alguns sintomas, porém, exigem que ela busque um acompanhamento médico com urgência. Afinal, eles são mais graves, além de poderem colocar a mãe e o bebê em risco. Veja alguns exemplos:

  • Confusão e desorientação psicológica;
  • Pensamentos obsessivos sobre o bebê;
  • Alucinações e delírios;
  • Distúrbios do sono;
  • Agitação;
  • Paranoia;
  • Pensamentos suicidas ou de prejudicar o bebê.

Portanto, a depressão pós-parto é um quadro que merece muita atenção da mulher e do ginecologista/obstetra que acompanha o seu puerpério. Para recuperar seu bem-estar, ela precisa de um acolhimento médico humanizado. Além disso, ela precisa ser tratada para evitar complicações que coloquem em risco a si mesma e seu filho.

Quer saber mais sobre a depressão pós-parto e como é feito o acolhimento da puerpera no consultório médico? Confira este post sobre o tema!