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Vaginose bacteriana: o que é e quais são os sintomas?

A vagina é um ambiente naturalmente rico em microrganismos. O conjunto de microrganismos que vivem na vaginal é chamado de microbioma vaginal. Em mulheres saudáveis, esse microbioma é composto principalmente por lactobacilos, bactérias que produzem um ácido protetor que evita a proliferação de microrganismos causadores de doenças (patógenos).

Em algumas situações, o microambiente vaginal pode se alterar e provocar sintomas incômodos para as mulheres, como mau cheiro e corrimento vaginal anormal. Uma dessas condições é a vaginose bacteriana. Quer saber mais sobre ela? Continue a leitura!

O que é vaginose bacteriana?

A vaginose bacteriana é uma condição muito comum entre as mulheres. Em mulheres na idade fértil, estima-se que sua frequência seja de até 30%. Como vimos, na maior parte das mulheres, o microbioma fisiológico da vagina é composto principalmente por lactobacilos. A vaginose bacteriana é uma doença caracterizada pela substituição temporária dessa microbiota normal por uma microbiota composta por microrganismos patogênicos.

Em outras palavras, durante as vaginoses, observamos uma redução dos lactobacilos protetores. Isso reduz a produção de ácido láctico, o que diminui a acidez do ambiente vaginal. A acidez vaginal é um dos principais fatores que protegem as mulheres contra microrganismos patogênicos.

Bactérias presentes nas vaginoses

Nos estudos feitos em mulheres com vaginose ativa, os microrganismos mais frequentemente identificados são de bactérias:

  • Gardnerella vaginalis, que é uma das mais comuns nos casos de vaginose;
  • Atopobium vaginae;
  • Bacteroides spp.;
  • Prevotella spp.;
  • Mycoplasma hominis;
  • Mobiluncus spp.

Além disso, também podem estar presentes bactérias de outros gêneros, geralmente anaeróbias ou anaeróbias facultativas. Algumas dessas bactérias, como a Gardnerella vaginalis, são capazes de produzir biofilmes. Ou seja, elas produzem substâncias que facilitam sua adesão nas paredes da vagina e ajudam a evitar a ação do sistema imunológico. Isso favorece sua proliferação e permanência na vagina.

Fatores de risco e complicações

A vaginose bacteriana é uma condição muito comum entre as mulheres. Em mulheres na idade fértil, estima-se que sua frequência seja de até 30%. Os principais fatores de risco evitáveis para o desenvolvimento de vaginoses são:

  • Aplicação de duchas vaginais;
  • Tabagismo;
  • Estresse crônico;
  • Comportamento sexual de risco;
  • Sexo sem proteção.

Além disso, as vaginoses são mais frequentes durante e logo após a menstruação. Afinal, o sangue muda as características químicas da vagina, além de ser um material muito nutritivo. Isso pode favorecer o crescimento de microrganismos que não são habituais do microbioma vaginal.

Sintomas da vaginose bacteriana

Um estudo feito no Brasil mostrou que as vaginoses bacterianas são responsáveis por 40% das queixas das mulheres nos consultórios ginecológicos. Com isso, certamente são uma das principais causas de busca por um ginecologista fora da rotina.

Os principais sintomas da vaginose bacteriana isolada são: 

  • Corrimento vaginal anormal, isto é, mudanças na cor, na consistência, no volume ou no cheiro do corrimento;
  • Alteração do odor, geralmente apresentando um mau cheiro descrito como odor de peixe. Isso ocorre devido à produção de aminas pelas bactérias, o que produz um cheiro semelhante ao da amônia. O odor também pode estar presente de forma isolada, sem a presença de corrimento vaginal. O mau cheiro pode piorar com o ato sexual ou durante a menstruação.

Durante o exame físico, seu ginecologista também pode identificar alterações no muco vaginal, que pode se tornar esbranquiçado, acinzentado ou amarelado.

A presença de outros sintomas, como prurido (coceira) e desconforto vaginal, geralmente está relacionada com a proliferação excessiva de outros tipos de microrganismos. Um dos mais frequentes é o fungo Candida albicans, que é presente no microbioma normal da mulher, cuja proliferação pode sair de controle e provocar um quadro patológico.

Diagnóstico e tratamento da vaginose bacteriana

O diagnóstico provável de vaginose bacteriana pode ser feito clinicamente, apenas com a anamnese e o exame físico ginecológico. A presença de corrimento vaginal acinzentado aderido às paredes da vagina é um forte indicativo de vaginoses bacterianas. 

Além disso, alguns testes podem ajudar a confirmar o diagnóstico, como:

  • Medida do pH vaginal. Normalmente, o pH vaginal (medida da “acidez”) se encontra abaixo de 4,5. Valores acima de 4,5 são considerados alterados;
  • Teste das aminas. Como explicamos, as bactérias da vaginose produzem substâncias que causam mau cheiro. Nesse teste coletamos uma amostra da secreção vaginal e aplicamos uma substância (o hidróxido de potássio) que reage com as aminas, um processo que libera rapidamente um odor fétido;
  • Presença de células-chave, que são visíveis quando observamos uma amostra de secreção vaginal ao microscópio.

Os dois primeiros testes são geralmente feitos durante o exame físico ginecológico. Já o tratamento é geralmente feito com antibióticos, como:

  • Metronidazol oral ou intravaginal;
  • Clindamicina tópica.

Para diagnosticar e tratar a vaginose bacteriana, é muito importante procurar um médico para realizar. Afinal, para serem eficazes, os antibióticos precisam ser utilizados na frequência e na duração corretas. 

Além disso, é preciso também avaliar a existência de infecções simultâneas, as quais podem demandar o uso de outros medicamentos associados. No caso das gestantes, um tratamento rápido é fundamental, pois as vaginoses estão associadas a um maior risco de abortamento e de parto prematuro.

As vaginoses também podem ser identificadas acidentalmente durante o exame papanicolaou. Quer saber mais sobre ele? Toque aqui!

Cardiotocografia: como é feita e o que pode indicar?

A cardiotocografia (CTG) é um exame muito utilizado na obstetrícia para monitorar os batimentos cardíacos do feto, as contrações uterinas da mãe e os movimentos do bebê. Seu objetivo principal é avaliar a vitalidade e o bem-estar fetal, especialmente em situações em que há maior risco de problemas no parto ou de sofrimento fetal.

Apesar disso, também pode ser usado para o monitoramento em situações de baixo risco para auxiliar no planejamento do parto. Portanto, esse exame pode ser realizado durante o pré-natal, especialmente no terceiro trimestre da gestação, ou durante o trabalho de parto para acompanhar as condições do bebê.

Quer saber mais sobre a cardiotocografia? Acompanhe este post até o final!

Quando a cardiotocografia é feita?

É um exame mais específico do contexto gestacional, não sendo utilizado no acompanhamento ginecológico de mulheres não grávidas. No acompanhamento das gestações, contudo, é amplamente utilizado, sendo conhecido por muitas mulheres que já passaram por uma gestação, principalmente por aquelas que realizaram um parto normal.

O monitoramento periódico ou contínuo com a cardiotocografia auxilia na identificação de possíveis sinais de sofrimento fetal ao observar diferentes características da frequência cardíaca do bebê. Além disso, permite identificar a frequência e a força das contrações uterinas, o que é um sinal importante da evolução do parto. Comparando esses dois dados, o obstetra pode entender se é necessária alguma intervenção médica para auxiliar no nascimento do bebê. 

Apesar de comumente ser realizada em gestações e partos não complicados, ela é especialmente indicada em situações, como:

  • Gestações com risco de prematuridade;
  • Risco de baixo peso ao nascer;
  • Mulheres que apresentam doenças hipertensivas e comorbidades clínicas;
  • Gestantes com infecções no trato geniturinário;
  • Mulheres com hemorragia durante o trabalho de parto;
  • Gravidezes de gêmeos;
  • Presença de mecônio (fezes estéreis de cor verde-escura) no líquido amniótico;
  • Ruptura das membranas (bolsa amniótica) antes do início do trabalho de parto;
  • Bebês em uma posição anormal;
  • Trabalho de parto induzido ou conduzido;
  • Administração de anestesia epidural para alívio da dor.

Nessas indicações, há maior chance de sofrimento fetal ou de evolução anormal do parto. 

Como a cardiotocografia é feita?

O exame é realizado utilizando dois cintos posicionados no abdômen da mãe:

  • Um deles registra a frequência cardíaca do bebê;
  • O outro monitora as contrações uterinas. 

Além disso, a mãe recebe um botão para pressionar sempre que sentir os movimentos do bebê. 

Em determinadas situações, quando o monitoramento externo não é eficaz ou é necessário obter informações mais precisas, pode ser recomendado o monitoramento interno. No entanto, essa abordagem é mais invasiva, pois exige que a mãe já tenha dilatação importante do colo uterino. 

Afinal, nela, as contrações são medidas com um cateter que mede a pressão na cavidade uterina, enquanto a medição da frequência cardíaca fetal é feita com a colocação de um eletrodo na superfície da cabeça do bebê. Esse método permite medir a atividade elétrica do coração fetal, mas apresenta maiores riscos de infecção para a mãe e o bebê, além de poder causar pequenos danos ao feto ou à parede do útero.

Tanto no cardiotocografia externa quanto na interna, os aparelhos estão conectados a um aparelho chamado cardiotocógrafo, o monitor fetal que interpreta os sinais dos sensores. A frequência cardíaca do bebê pode ser ouvida como um som semelhante a batidas, e o aparelho também exibe as variações que acontecem durante as contrações. 

Os resultados da cardiotocografia podem ser impressos ou armazenados digitalmente, facilitando o acompanhamento posterior.

O que a cardiotocografia pode indicar?

A cardiotocografia pode fornecer informações importantes, como:

  • A presença ou ausência de contrações uterinas;
  • A frequência cardíaca média do feto;
  • A variabilidade da frequência cardíaca ao longo do exame;
  • A aceleração da frequência cardíaca do bebê em resposta aos seus movimentos;
  • A presença de desacelerações na frequência cardíaca, que podem indicar complicações.

Durante as contrações, ocorrem mudanças no padrão da frequência cardíaca, e essas variações são observadas para identificar possíveis sinais de sofrimento fetal. Portanto, é um exame que compara a vitalidade do feto com as contrações para auxiliar na decisão se é seguro aguardar a evolução natural do parto, por exemplo.

A frequência cardíaca normal de um feto varia entre 110 e 160 batimentos por minuto. Valores abaixo de 110 são chamados de bradicardia, enquanto valores acima de 160 bpm são conhecidos como taquicardia. Os bebês podem apresentar variações temporárias para valores ligeiramente mais altos ou mais baixos sem que isso signifique algum problema. 

Contudo, a bradicardia e a taquicardia, quando frequentes ou sustentadas por um longo período, são indicativos de potencial sofrimento fetal. Além disso, uma frequência cardíaca sem muita alteração também pode representar um problema. 

Portanto, os dados da cardiotocografia auxiliam a equipe obstétrica a tomar decisões individualizadas para garantir o bem-estar do bebê durante a gestação e o trabalho de parto. Se os resultados sugerirem que o bebê está em risco, o médico pode optar por uma intervenção, como a indução do parto ou a realização de uma cesariana.

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Vacina contra HPV: quando tomar?

O HPV, ou papilomavírus humano, é a infecção viral sexualmente transmitida mais comum no mundo. Acredita-se que mais de 80% das pessoas sexualmente ativas vão ser infectadas por ele ao longo da vida sexual. Na maioria dos casos, a infecção não apresenta sintomas e costuma ser eliminada pelo próprio organismo em cerca de dois anos. Contudo, a infecção pode se tornar persistente em alguns casos e não há como prever em quem isso vai ocorrer.

Existem mais de 200 tipos de HPV, sendo que cerca de 40 afetam a área genital, e aproximadamente 12 são considerados oncogênicos, ou seja, podem causar câncer. Entre os tumores malignos causados pelo HPV, o câncer de colo de útero é o mais frequente e o que causa maior impacto na saúde da população feminina. Por esse motivo, é o mais estudado.

Quer saber mais sobre como se proteger com a vacina contra o HPV? Acompanhe até o final!

Quais as consequências do HPV? Como o HPV é transmitido?

As estimativas mais conservadoras mostram que o HPV é a causa de aproximadamente 7% dos casos de câncer em geral. Ou seja, 7 em cada 100 tumores malignos foram desencadeados pela infecção por um tipo oncogênico de HPV. Estudos mostram que o HPV pode ser responsável por aproximadamente:

  • 90% a 100% dos casos de câncer de colo do útero;
  • 93% dos casos de câncer de ânus;
  • 64% dos casos de câncer de vagina;
  • 50% dos casos de câncer de vulva;
  • 40% dos casos de câncer no pênis;
  • 60% dos casos de câncer de orofaringe. 

Portanto, atualmente, pode-se dizer que o HPV é o fator de risco mais frequente para o câncer, juntamente com o cigarro.

Transmissão

A transmissão do HPV acontece pelo contato direto pele a pele. Portanto, não se limita apenas ao sexo com penetração. O uso regular de preservativos oferece proteção de cerca de 60%. Entretanto, visto que áreas infectadas podem ficar expostas mesmo com o uso preservativo, ainda há risco de transmissão.

O HPV também pode ser transmitido por outras formas que não o sexo. Alguns estudos indicam que é possível a transmissão por meio de objetos compartilhados, chamados de fômites. Além disso, o vírus pode passar de mãe para filho durante o parto em cerca de 20% dos casos, especialmente se a mãe tiver lesões genitais. Felizmente, a maioria dos bebês elimina a infecção rapidamente sem grandes repercussões.

Quando tomar a vacina contra o HPV?

O ideal é tomar a vacina entre os 9 e 14 anos. Contudo, a vacinação ainda oferece benefícios para homens e mulheres com até 45 anos. A seguir, explicaremos melhor essas recomendações com base nos estudos disponíveis até o momento.

Em relação ao que os estudos mostram em relação à efetividade e a segurança, temos as seguintes informações de um estudo de 2024, que avaliou mais de 300.000 mulheres:

  • Quando tomada entre 9 e 14 anos de idade, a vacina oferece uma proteção de 90% a 100% contra câncer cervical em mulheres;
  • Quando tomada posteriormente, entre os 14 e os 22 anos, a vacina ainda apresenta resultados promissores com redução de mais de 60% do risco de câncer cervical invasivo.

Outros estudos, realizados em uma faixa etária mais velha, também mostram uma redução das infecções e das complicações, mas em uma magnitude menor do que as mostradas acima. Em outras palavras, se a pessoa tiver condições financeiras, a vacinação contra o HPV é recomendada para todas as pessoas entre 9 e 45 anos.

Confira, a seguir, as recomendações dos fabricantes e do Ministério da Saúde:

Vacinação pelo SUS

No Brasil, pelo Sistema Único de Saúde, está disponível a vacina quadrivalente Gardasil. Ela protege contra o HPV 6, 11, 16 e 18. De acordo com dados do fabricante, ela pode ser usada por pessoas entre 9 e 45 anos, devendo ser tomada em três doses com 0, 2 e 6 meses.

Contudo, no SUS, a estratégia de vacinação não abrange toda essa faixa etária, sendo restrita a alguns grupos, como:

  • Vacinação com esquema de três doses para meninos e meninas entre 9 e 14 anos. Essa é a faixa etária em que a vacina apresenta maior efetividade;
  • Pessoas entre 15 e 19 anos podem receber o esquema de uma dose;
  • Pessoas imunossuprimidas ou com câncer, na faixa etária de 9 a 45 anos;
  • Portadores de papilomatose respiratória recorrente (PRR), que podem receber o esquema completo de acordo com a recomendação do fabricante da vacina.

Vacina bivalente

Ela protege contra o HPV 16 e 12, estando disponível na rede privada. A bula do fabricante informa que ela pode ser usada por qualquer pessoa a partir dos 9 anos de idade, desde que não haja nenhuma contraindicação, como sensibilidade aos componentes da fórmula. O esquema é de três doses com 0, 1 e 6 meses. 

Vacina nonavalente

Ela protege contra os 4 tipos de HPV (6, 11, 16 e 18) da GARDASIL® quadrivalente, acrescentando a proteção para mais 5 outros tipos de HPV (31, 33, 45, 52 e 58). Ela é recomendada para homens e mulheres entre 9 e 45 anos de idade. O esquema vacinal indicado é de 3 doses com 0, 2 e 6 meses. 

Portanto, a vacina contra o HPV deve ser tomada o quanto antes a partir dos 9 anos de idade. Apesar de ser uma proteção importante, ela não substitui o uso de preservativos, que oferecem uma barreira adicional contra a infecção. Além disso, mulheres vacinadas devem manter a rotina de acompanhamento com o Papanicolaou, que auxilia no diagnóstico precoce de lesões precursoras do câncer de colo do útero e de tumores malignos.

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O que é pré-natal e por que é importante?

A gestação é um período transformador e de grande significado na vida de uma mulher, marcado por profundas mudanças físicas e emocionais. Nela, o corpo materno se adapta para nutrir e proteger o desenvolvimento do bebê. Apesar de, na grande maioria das gestações, esse processo acontecer sem complicações, podem surgir alterações que podem trazer desfechos negativos para a mulher e seu filho.

Por isso, é fundamental monitorar a evolução da gestação de forma periódica e cuidadosa. No pré-natal, acompanhamentos regulares permitem identificar precocemente qualquer desvio ou complicação, garantindo que tanto a mãe quanto o bebê recebam o suporte necessário para um desenvolvimento saudável e seguro até o momento do parto.

Quer saber mais sobre o pré-natal? Acompanhe até o final!

O que é pré-natal?

De acordo com o Ministério da Saúde, o pré-natal tem o objetivo de “assegurar o desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde materna, inclusive abordando aspectos psicossociais e as atividades educativas e preventivas”. Para isso, o pré-natal oferece um conjunto de cuidados de saúde periódicos que abrangem:

  • consultas obstétricas;
  • exames complementares;
  • vacinação e suplementação;
  • orientações para a gestante.

Além disso, o pré-natal tem como princípio oferecer um cuidado individualizado para cada mulher em cada gestação, tendo metas, como:

  • Promover a saúde da mãe e do feto;
  • Prevenir doenças gestacionais;
  • Compreender a individualidade biopsicossocial de cada gravidez;
  • Rastrear e diagnosticar precocemente doenças que podem impactar negativamente a gestação;
  • Tratar precocemente as doenças identificadas para reduzir os riscos para a mãe e para o feto;
  • Educar a gestante sobre os eventos mais comuns de uma gestação;
  • Orientar a gestante como ela pode cuidar de si mesma e de seu bebê;
  • Acolher emocionalmente a mulher diante dos desafios e complicações que podem surgir com as gestações;
  • Planejar o parto, entre outras possibilidades.

Por que é importante?

O pré-natal é a principal forma de reduzir as taxas de mortalidade e de adoecimento durante a gestação. Graças a ações, como o incentivo ao pré-natal, o Brasil conseguiu reduzir as complicações gestacionais em 56%.

Acompanhar o desenvolvimento do feto

Uma das oportunidades mais bonitas do pré-natal é o acompanhamento do desenvolvimento do bebê. Por meio de ultrassonografias periódicas, podemos conhecer o seu sexo, ver o feto crescer e se movimentar dentro do útero. Isso proporciona um contato especial com ele antes mesmo do nascimento.

Acolher e tratar as queixas das gestantes

O pré-natal também tem o objetivo de proporcionar mais qualidade de vida para a gestante, acolhendo queixas comuns na gestação, como:

  • Náuseas e vômitos;
  • Azia;
  • Salivação excessiva (sialorreia);
  • Fraqueza e fadiga;
  • Cólicas e alterações intestinais;
  • Hemorroidas;
  • Corrimento vaginal alterado;
  • Dores na cabeça, nas mamas e nas costas;
  • Varizes;
  • Câimbras.

Prevenir desfechos negativos

Diversos estudos mostram que o pré-natal pode ajudar a evitar a ocorrência de complicações, como:

  • Abortamentos;
  • Partos prematuros;
  • Cesarianas;
  • Óbito materno;
  • Óbito fetal.

Identificar e tratar precocemente complicações gestacionais

Durante uma gestação, o corpo da mulher passa por diversas mudanças para garantir o desenvolvimento do bebê. Entretanto, em alguns casos, podem surgir alterações que colocam a saúde materno fetal em perigo. Entre as doenças gestacionais investigadas e tratadas no pré-natal, estão:

Planejar o parto

O pré-natal também envolve momentos prazerosos para a mulher em que ela pode conversar sobre suas expectativas para o nascimento do bebê e planejar seu parto. Junto com o médico do pré-natal, ela pode elaborar o plano de parto. Esse documento pode registrar as suas preferências desde o tipo de parto até músicas especiais para tocar na sala de parto.

Como é feito o pré-natal?

O pré-natal idealmente deve se iniciar antes de uma gestação, abrangendo também o planejamento pré-concepcional. Com isso, é possível realizar uma investigação abrangente da saúde materna e medidas, como:

  • Diagnóstico de doenças que podem causar malformações fetais;
  • Estabilização e controle de doenças crônicas, como diabetes mellitus e hipertensão arterial crônica;
  • Aconselhamento genético.

Entretanto, caso não tenha sido possível realizar o planejamento pré-concepcional, deve-se buscar um início precoce do pré-natal ainda no primeiro trimestre. A assistência médica no primeiro trimestre representa um dos principais fatores de redução de riscos gestacionais.

O número de consultas pré-natais varia de acordo com o risco gestacional. Para gestações de baixo risco, recomenda-se um mínimo de 6 consultas até o momento do parto. Em geral, recomenda-se que as consultas sejam:

  • Mensais até 28ª semana de gestação;
  • Quinzenais entre 28 e 36 semanas;
  • Semanais a partir de 37 semanas.

As consultas semanais se mantêm até o início do trabalho de parto. Se o parto não acontecer até a 41ª semana, a gestante pode ser encaminhada para a indução do parto.

Portanto, o pré-natal representa um conjunto de cuidados essenciais para uma gestação mais saudável do início ao fim. Diversos estudos já mostraram sua eficácia para evitar complicações e promover o bem-estar da mãe e do bebê.

Quer saber mais sobre os exames que são realizados em cada etapa do pré-natal? Toque aqui!

Pré-eclâmpsia: o que fazer nessa situação?

Durante as gestações, o organismo da mulher passa por diversas modificações. Na maior parte dos casos, esse processo é saudável, mas, em algumas mulheres, podem surgir doenças gestacionais. Nesse sentido, a pré-eclâmpsia é uma complicação gestacional grave que requer atenção cuidadosa durante o pré-natal.

Caracterizada pela presença de hipertensão arterial após a 20ª semana de gestação em mulheres previamente normotensas, essa condição é frequentemente acompanhada por proteinúria ou disfunções em órgãos vitais, como os rins e o fígado. O reconhecimento precoce e o controle adequado da pré-eclâmpsia são essenciais para prevenir a progressão para eclâmpsia, uma complicação potencialmente fatal.

Quer saber sobre o tema? Acompanhe até o final!

O que é pré-eclâmpsia?

A pré-eclâmpsia é uma doença gestacional que merece muita atenção durante o pré-natal. Ela é definida como a presença de hipertensão arterial a partir da 20ª semana em mulheres com pressão arterial normal previamente. Essa manifestação deve ser também acompanhada de uma das duas alterações a seguir:

  • Proteinúria, que é o excesso de proteínas na urina;
  • Disfunções de órgãos frequentemente acometidos por níveis elevados de pressão, como os rins e os olhos.

Eclâmpsia

O termo “pré” gera muita dúvida nas gestantes, pois sugere que a pré-eclâmpsia é algo que acontece antes da eclâmpsia. A eclâmpsia é uma complicação grave, em que ocorre uma crise convulsiva generalizada ou coma em gestantes acometidas pela pré-eclâmpsia. Felizmente, ela pode ser prevenida com um tratamento adequado da pré-eclâmpsia.

Causas da pré-eclâmpsia

Nos primeiros dias de vida, o embrião se nutre a partir das substâncias presentes na secreção da cavidade uterina. Contudo, à medida que ele se desenvolve, ele precisa de uma quantidade cada vez maior de nutrientes. Para isso, algumas células (células trofoblásticas) do embrião começam a invadir o endométrio uterino para se ligar à circulação da gestante.

Com isso, surge um órgão embrionário chamado de placenta. A placenta, além de intermediar as trocas entre a circulação materna e a circulação fetal, produz diversos hormônios que estimulam o corpo da mulher a se adaptar para garantir o desenvolvimento do feto. A pré-eclâmpsia surge quando a invasão das células trofoblásticas é insuficiente. Assim, a placenta produz substâncias que aumentam a pressão arterial materna e provocam outras alterações.

Como diagnosticar a pré-eclâmpsia?

A pré-eclâmpsia é uma condição investigada ativamente durante o pré-natal. Ou seja, mesmo que uma gestante não apresente sintomas, fazemos a investigação de sinais e alterações laboratoriais sugestivas de pré-eclâmpsia.

Mulheres sem hipertensão arterial

A principal conduta de rastreio é o monitoramento da pressão arterial em toda a consulta de pré-natal. A hipertensão arterial na gestante é definida como valores de pressão sistólica maior ou igual a 140 mmHg e/ou de pressão diastólica maior ou igual a 90 mmHg. Em linguagem popular, pode-se dizer que seria uma pressão maior do que 14 por 9.

Caso a hipertensão arterial seja identificada, será necessário realizar exames complementares para verificar se é um caso de hipertensão gestacional ou de pré-eclâmpsia. O aumento da quantidade de proteínas na urina é a alteração mais comum, indicando disfunção dos vasos renais. Além disso, são solicitados exames para investigar a função de órgãos-alvo, como:

  • Função hepática (fígado);
  • Função renal;
  • Hemograma com contagem de plaquetas.

Se houver alterações na ausculta dos pulmões ou queixas pulmonares, pode ser também solicitada uma radiografia de tórax. Em todo caso, o bem-estar fetal também deve ser monitorado com uma ultrassonografia obstétrica com ecodoppler.

Mulheres com hipertensão arterial prévia

A pré-eclâmpsia pode ocorrer também em mulheres com hipertensão arterial crônica, isto é, que apresentam níveis elevados de pressão arterial antes da 20ª semana de gestação. Nessa situação, o diagnóstico de pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão arterial crônica é feito quando a proteinúria ou a lesão de órgão-alvo surgem ou pioram após a 20ª semana de gestação.

O que fazer quando diagnosticada com pré-eclâmpsia?

A principal medida é o acompanhamento médico regular. Após o diagnóstico da pré-eclâmpsia, o pré-natal envolverá consultas mais frequentes com o médico que acompanha o pré-natal. Assim, poderão ser feitos um monitoramento mais próximo da pressão arterial e a realização de exames periódicos para avaliar lesões de órgão-alvo. Outras medidas são indicadas de forma individualizada, considerando a avaliação detalhada de cada gestante.

Anti-hipertensivos

São medicações utilizadas para reduzir os níveis de pressão arterial. Eles não são indicados para todas as gestantes com hipertensão leve ou moderada, sendo necessário avaliar os riscos e os benefícios em cada caso. Contudo, quando os níveis de pressão arterial estão muito elevados (hipertensão arterial grave), devem ser sempre utilizados.

Sulfato de magnésio

É um medicamento utilizado para prevenir e tratar convulsões relacionadas à eclâmpsia. Por isso, é indicado apenas para casos de iminência de eclâmpsia ou de eclâmpsia. A indicação dessa medicação deve ser feita exclusivamente por um médico. A suplementação com magnésio por conta própria é contraindicada, pois pode trazer efeitos muito negativos e não atingir os níveis necessários para prevenir a eclâmpsia.

Parto

O parto é o tratamento definitivo da pré-eclâmpsia, visto que a retirada da placenta elimina os estímulos hormonais que mantêm a pressão mais elevada. A seguir, está a indicação de conduta para o parto nos casos de eclâmpsia:

  • Pré-eclâmpsia sem sinais de gravidade: parto com 37 semanas (a termo);
  • Pré-eclâmpsia com sinais de gravidade e idade gestacional inferior a 24 semanas: a mortalidade neonatal nesses casos é superior a 80%, enquanto o adoecimento materno grave ou a morte materna ocorrem em 27% a 71% dos casos. Por isso, indica-se a finalização da gestação;
  • Pré-eclâmpsia com sinais de gravidade e idade gestacional entre 24 e 34 semanas: busca-se manter a gestação até a 34ª semana, quando, então, a cesariana é realizada. Caso haja sinais de maior gravidade antes da 34ª semana, a cesariana é antecipada ainda mais;
  • Pré-eclâmpsia com sinais de gravidade e idade gestacional após 34 semanas de gestação: realização de uma cesariana.

O controle adequado da pré-eclâmpsia é fundamental para garantir a segurança da gestante e do feto. Com um pré-natal adequado, é possível identificar precocemente os sinais de agravamento e intervir para evitar complicações mais sérias. Em casos mais graves, a antecipação do parto pode ser necessária para proteger a saúde da mãe e do bebê. Assim, o pré-natal desempenha um papel crucial na prevenção de complicações graves associadas à pré-eclâmpsia.

Quer saber mais sobre a pré-eclâmpsia? Toque aqui!

Parto normal e parto natural: quais são as diferenças?

Na preparação para o nascimento do bebê, uma das questões mais ansiadas para a gestante é a escolha do tipo de parto. Atualmente, existem diversas modalidades de parto. Com a grande quantidade de informações disponíveis nas redes sociais e na internet, muitas futuras mães ficam com grande expectativa em escolher a melhor opção. Por isso, é importante conhecer os diferentes tipos em uma fonte confiável para ajudá-la a tomar uma decisão consciente.

De forma geral, podemos dividir os partos em dois grandes grupos: os partos por via vaginal e os partos por via cirúrgica. O parto por via cirúrgica mais utilizado e seguro é a cesariana. Nele, é feito um corte na área da pelve até a cavidade uterina, por onde o bebê é retirado. O parto por via vaginal é conhecido popularmente como parto normal.

Existem diferentes formas como o parto normal pode ser realizado. Por exemplo, ele pode ser induzido ou espontâneo, com ou sem analgesia, entre outras possibilidades. O parto natural é aquele em que nenhuma intervenção invasiva ou medicamentosa é realizada. Toda a progressão do parto, portanto, ocorre com os mecanismos fisiológicos (“naturais”) do corpo da mulher. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe até o final?

Parto normal

Parto normal é aquele que acontece pela vagina da mulher. Ele é chamado de normal, pois ele deve ser o tipo preferencial quando a mulher não tem nenhuma condição médica que justifique uma cesariana. Apesar do crescimento do número de partos cirúrgicos feitos eletivamente sem indicação, diversos estudos apontam que o parto normal é mais saudável para a mulher e para o bebê, exceto quando há algum risco para o nascimento pela via vaginal.

A partir do terceiro trimestre de gestação, o corpo da mulher e a posição do feto dentro do útero passam por diversas mudanças para se preparar para o parto. A seguir, estão as principais fases do parto normal:

  • Fase latente: podemos dizer que essa é a etapa de “treinamento” do útero para o parto. As contrações ainda são irregulares, isto é, não ocorrem em intervalos previsíveis. Elas aparecem, provocam incômodo, mas podem ficar ausentes em intervalos mais prolongados. À medida que o momento do parto avança, elas se tornam mais frequentes e coordenadas. Ao final da fase latente, que pode durar muitas horas, espera-se que o colo esteja com 3 a 4 centímetros de dilatação. Também pode ocorrer a perda do tampão mucoso, uma secreção consistente e clara que protege o colo do útero;
  • Fase ativa: nessa etapa, as contrações se tornam mais fortes e regulares. Em média, ocorrem 3 a 4 contrações a cada dez minutos. Isso faz com que o colo uterino se dilate ainda mais. A internação da gestante geralmente ocorre quando o colo atinge cerca de 6 centímetros de dilatação na fase ativa. Assim, podemos monitorar, de perto, a evolução do trabalho de parto e o bem-estar fetal;
  • Fase expulsiva: ao final da fase ativa, espera-se que o colo atinja uma dilatação de aproximadamente 10 centímetros. As contrações se tornam ainda mais fortes e direcionadas para expulsar o bebê da cavidade uterina através do colo do útero e da vagina. Além disso, a parturiente sente um impulso de fazer força e empurrar o bebê. Algumas mulheres também relatam sensações de calor e ardor na região ao redor da vagina à medida que o bebê começa a sair;
  • Fase de dequitação: alguns minutos após o nascimento do bebê, é o momento de o corpo expulsar os anexos embrionários que permaneceram no útero. Assim, contrações mais fracas estimulam o desprendimento da placenta e a expulsão desse órgão junto com a bolsa amniótica.

A duração de cada fase do parto normal varia muito de mulher para mulher. Existem alguns fatores, como ter tido gestações com partos normais previamente, que geralmente aceleram as etapas do parto. Apesar de algumas mulheres terem receio do parto normal devido à dor, ele apresenta várias vantagens em relação à cesariana, como:

  • Menor risco de complicações para a mãe e para o bebê;
  • Recuperação mais rápida;
  • Facilitação da amamentação;
  • Redução de risco de doenças respiratórias nos primeiros meses de vida do bebê;
  • Menor risco de complicações em gestações futuras.

Parto natural

O parto natural é um tipo de parto normal, ou seja, ele é feito pela via vaginal e todo o processo fisiológico ocorre de forma muito semelhante. Contudo, no parto natural, não são programadas intervenções médicas invasivas ou medicamentosas. Em outras palavras, não são utilizados analgésicos, anestésicos, indutores do parto, antieméticos e outros fármacos geralmente indicados para trazer mais conforto para a gestante. Além disso, não se empregam intervenções, como o fórceps e a episiotomia.

O parto natural é programado para ocorrer apenas com os mecanismos fisiológicos conferidos pela natureza. Assim, a mulher pode utilizar manobras e movimentos para facilitar a expulsão do bebê. Medidas não farmacológicas de controle de dor, como a banheira de água morna e bolas suíças, podem ser empregadas.

Ele pode ser indicado para mulheres com gestação de menor risco, devendo ser desaconselhado em situações, como:

  • Presença de doenças crônicas maternas;
  • História de cirurgias pélvicas anteriores;
  • História de complicações gestacionais na gravidez atual ou em gestações prévias;
  • Gravidez de gêmeos;
  • Uso de álcool e drogas durante a gestação.

O parto natural deve acontecer em ambiente hospitalar, onde há um ambiente preparado para eventuais complicações. Assim, caso seja necessário para a saúde da mãe e do bebê, intervenções médicas podem ser realizadas de forma segura.

O parto normal e o parto natural são partos vaginais, mas que diferem no nível de intervenção médica. O parto normal pode envolver intervenções, como analgesia, indução do trabalho de parto e episiotomia, enquanto o parto natural ocorre com mínima ou nenhuma intervenção médica.

O foco do parto natural é permitir que o corpo da mulher conduza o nascimento de forma espontânea. Em ambos os casos, os princípios do parto humanizado devem ser seguidos para manter o protagonismo da mulher, a individualização biopsicossocial e o respeito às evidências científicas.

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Diabetes gestacional: diagnóstico e conduta

A diabetes gestacional é uma condição que surge exclusivamente durante a gravidez, resultante das alterações metabólicas que ocorrem no corpo da gestante por volta da 24ª semana de gestação.

Embora temporária, essa forma de diabetes exige atenção especial, pois pode trazer complicações tanto para a mãe quanto para o bebê. Além disso, mulheres diagnosticadas com diabetes gestacional estão em maior risco de desenvolver diabetes mellitus crônica no futuro.

Quer saber mais sobre o diagnóstico e o tratamento da diabetes gestacional? Acompanhe até o final!

O que é diabetes gestacional?

A diabetes gestacional é um tipo de diabetes mellitus. Existem diversos tipos de diabetes mellitus:

  • Gestacional: é a diabetes mellitus restrita ao contexto da gestação, ocorrendo devido às mudanças hormonais e sistêmicas necessárias para adaptar o corpo ao crescimento de um bebê. Geralmente, os níveis de glicemia retornam ao normal após o parto, durante o puerpério. No entanto, é importante enfatizar que gestantes com diabetes gestacional apresentam maior risco de desenvolver diabetes mellitus crônica ao longo da vida;
  • Crônica: é a diabetes mellitus desenvolvida ao longo da vida e que não tem cura definitiva. Ou seja, ela não é temporária, como é o caso da diabetes mellitus gestacional. Uma mulher pode ser diagnosticada com diabetes mellitus crônica durante a gestação caso ela apresente níveis de açúcar no sangue muito elevados.

Como é feito o diagnóstico de diabetes gestacional?

Um dos exames mais importantes do pré-natal é a glicemia de jejum. Ele é indicado desde a primeira consulta de pré-natal da gestante e tem o objetivo de medir os níveis de açúcar no sangue, a glicemia. Esse cuidado é fundamental, pois a diabetes mellitus é um dos principais fatores de risco de complicações para a mãe e para o bebê.

Como vimos, as gestantes podem ser diagnosticadas com dois tipos diferentes de diabetes mellitus: a gestacional e a não gestacional. A diabetes mellitus não gestacional é diagnosticada quando a glicemia de jejum apresenta um valor igual ou superior a 126mg/dL em qualquer momento da gestação. O diagnóstico da diabetes gestacional tem um fluxo mais complexo e não há um protocolo unificado de como realizá-lo. A seguir, apresentaremos o fluxo mais comumente indicado.

Como vimos, antes da 24ª semana de gestação, acompanhamos os níveis de açúcar da paciente com a glicemia de jejum. Caso ela esteja entre 92 mg/dL e 125 mg/dL, isso significa que a paciente apresenta um risco maior de desenvolvimento de diabetes gestacional. Então, é necessário repetir a glicemia de jejum após a 24ª semana. Se os valores estiverem novamente dentro dessa faixa, diagnostica-se a diabetes mellitus gestacional.

Caso a paciente tenha glicemias inferiores a 92 mg/dL antes da 24ª semana, é feita a investigação com um outro tipo de exame, o teste oral de tolerância à glicose. Nele, a gestante realiza uma glicemia em jejum. Depois disso, ela toma 75 gramas de glicose concentrada. A glicemia é medida uma e duas horas depois. A diabetes mellitus gestacional é diagnosticada se:

  • Entre 92-125 mg/dL na glicemia de jejum;
  • Igual ou maior a 180 mg/dL na glicemia de 1 hora;
  • Entre 153 e 199 mg/dL na glicemia de 2 horas.

Valores iguais ou maiores do que 200mg/dL na glicemia de 2 horas são interpretados como diabetes mellitus crônica.

Tratamento da diabetes gestacional

A conduta envolve medidas multifatoriais, como:

Dieta

O cuidado com a alimentação é fundamental para atingir um bom controle glicêmico. Alguns estudos apontam que até 85% das mulheres com diabetes gestacional podem atingir valores adequados de glicemia apenas com a restrição das calorias ingeridas diariamente.

  • Manutenção de um consumo moderado de calorias, individualizado de acordo com o índice de massa corporal de cada mulher e com o trimestre de gestação. Em média, recomenda-se um consumo de 1800 a 2200 calorias por dia;
  • Deve-se buscar fracionar a dieta em 6 maior número de refeições, evitando ingestas mais pesadas;
  • A alimentação diária deve conter entre 45% e 50% de carboidratos, principalmente aqueles de absorção lenta, como os presentes em alimentos integrais;
  • 30% a 35% de gorduras;
  • 15% a 20% de proteínas.

O cálculo das necessidades individuais deve ser feito por um profissional de saúde capacitado. Estimá-lo por conta própria pode levar a erros. A fim de atingir valores reduzidos de carboidratos, é importante reduzir o consumo de açúcar. Para isso, podem ser utilizados adoçantes, que são considerados seguros durante a gestação.

Atividades físicas

Exercícios físicos de intensidade leve, como caminhada e hidroginástica, são indicados durante a maioria das gestações, especialmente em mulheres com diabetes mellitus gestacional. Contudo, a liberação para a atividade física deve ser feita por um médico após avaliar se há contraindicações.

Com exceção da caminhada, os exercícios devem ser supervisionados por profissionais habilitados. Recomenda-se que sejam realizados por 30 minutos três vezes na semana. A atividade física é importante, pois reduz a resistência à insulina, o que melhora os níveis de glicemia.

Monitoração glicêmica

Uma parte importante do tratamento é o acompanhamento diário dos níveis de glicemia com fitas. A paciente utilizará o mesmo aparelho de glicemia indicado para diabéticos crônicos. Em sua casa, a paciente medirá a glicemia com o sangue colhido a partir de um pequeno furo na ponta dos dedos. Recomenda-se que essa medida seja feita entre 4 e 7 vezes por dia, que devem incluir:

  • Jejum;
  • Logo após o café da manhã, o almoço e o jantar;
  • Ao final do dia e, quando possível, na madrugada.

Medicamentos

Os medicamentos são prescritos quando as medidas anteriores não forem suficientes para manter níveis adequados de glicemia. Os fármacos mais comumente prescritos são a metformina e a insulina. Entretanto, eles jamais devem ser utilizados por conta própria, pois o uso incorreto pode trazer consequências gravíssimas.

O diagnóstico e o tratamento adequado da diabetes gestacional são fundamentais para garantir a saúde da gestante e do bebê. Desde o controle da alimentação e a prática de atividades físicas até a monitoração constante dos níveis de glicemia, cada etapa do tratamento visa aumentar as chances de uma gestação saudável. Com o devido acompanhamento pré-natal, a maioria das mulheres pode controlar a glicemia e ter uma gestação sem intercorrências.

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O que é analgesia no parto normal?

A escolha do tipo de parto é uma das preocupações que acompanha as mulheres durante o pré-natal. De forma geral, existem dois tipos de parto principais: o parto normal e a cesariana. O primeiro envolve a saída do bebê através da vagina, o canal de parto natural. O segundo envolve a criação de um canal de parto artificial com um corte na região da pelve da mulher.

A possibilidade de sentir dor durante o parto é um dos fatores que mais influenciam as mulheres na escolha. Muitas delas relatam que estão considerando a cesariana devido ao medo da dor no trabalho de parto.

Contudo, devido aos benefícios do parto normal, ele é a melhor opção para as mulheres sem contraindicação. Em relação à dor durante o trabalho de parto, ela pode ser aliviada com técnicas de analgesia no parto normal. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe até o final!

O que é analgesia?

Para entender o que é analgesia, é interessante entender a origem dessa palavra:

  • Algesia é um termo técnico que vem da expressão “álgesis”, do grego antigo, para dor. É utilizada na medicina para se referir à sensibilidade à dor de forma geral;
  • “An-” é uma expressão que colocamos no início da palavra para indicar a ideia de ausência ou de negação.

Portanto, literalmente, analgesia significaria ausência de dor. Na medicina, usamos analgesia para nos referirmos às mais diversas técnicas que utilizamos para reduzir a dor, mas não necessariamente para eliminá-la completamente.

Você já deve estar familiarizada com esse termo, pois já deve ter utilizado medicações analgésicas para aliviar dores de cabeça e cólicas menstruais. Contudo, poucas mulheres sabem que também é possível usar técnicas de analgesia para melhorar a dor no parto normal.

Essa é uma preocupação muito comum nas gestantes. Muitas delas citam que esse é um dos motivos pelos quais elas têm medo do parto normal.

Diferenças entre analgesia e anestesia

Tipos de analgesia no parto normal

Antes de aprofundarmos no tema, é preciso entender a diferença entre:

  • Analgesia: é a redução da sensibilidade à dor, que pode ser feita com ou sem a preservação dos outros sentidos, da mobilidade e da consciência;
  • Anestesia: é a redução da sensibilidade como um todo. Em outras palavras, na área anestesia, não será sentido praticamente nenhuma sensação, como pressão, calor ou dor. No caso de anestesias mais amplas, como a anestesia regional, também se elimina temporariamente a capacidade de movimentar os membros. Existe também a anestesia geral, que reduz a consciência por um tempo.

Existem diversas técnicas de analgesia, inclusive com a aplicação de anestésico. Por exemplo, na cesariana, utiliza-se a anestesia regional para bloquear as sensações abaixo da região do abdômen. Isso é necessário, pois são feitos cortes profundos para chegar à cavidade do útero. Contudo, no parto normal, bloquear excessivamente a dor e as sensações pode comprometer o trabalho de parto.

Técnicas analgésicas sem anestesia

A dor durante o trabalho de parto normal pode ser aliviada com o uso de medicações orais ou venosas, como opioides. Também podem ser empregadas técnicas não-medicamentosas, como:

  • Técnicas de respiração: a dor pode ser ampliada pela ansiedade. Então, podem ser utilizadas técnicas de respiração relaxantes para diminuir a sensibilidade aos estímulos dolorosos. Além disso, algumas técnicas de respiração ajudam as contrações uterinas a serem mais efetivas, facilitando a expulsão do bebê;
  • Hidroterapia: banhos de imersão e compressas de água podem ser utilizadas para provocar alterações sensoriais leves que reduzem a dor momentaneamente;
  • Massagem: as terapias manuais podem ajudar a reduzir dores relacionadas a contrações musculares intensas.

Técnicas analgésicas com anestesia

Além disso, a analgesia no parto normal pode ser feita com a aplicação de medicações anestésicas regionais em baixa dose. Assim, são medicações aplicadas entre as espinhas da coluna vertebral, onde estão localizadas as raízes nervosas e a medula vertebral, que transmitem os sinais do corpo até o cérebro.

Existem diferentes técnicas de anestesia regional que podem ser utilizadas no parto normal:

  • Analgesia epidural: é o padrão-ouro quando se trata de analgesia do parto normal. Nela, coloca-se um cateter ao redor do canal espinhal. Depois disso, ao longo do parto, é feita a administração de anestésicos ou opioides para reduzir a dor;
  • Analgesia com duplo-bloqueio espinhal-epidural: é a mais popular atualmente, pois reduz a dor sem dificultar significativamente os movimentos voluntários e automáticos. Ela também parece provocar uma dilatação mais rápida do colo uterino em comparação à analgesia

O uso de anestésicos pode causar repercussões na saúde materna e na saúde fetal. Por isso, a decisão sobre o tipo de analgesia anestésica deve ser tomada em conjunto com o obstetra, o anestesiologista e o neonatologista. Após falarem sobre os riscos e benefícios de cada opção, eles vão ajudá-la a entender se há alguma contraindicação ou outra consideração importante.

Considerações importantes para a analgesia no parto normal

Eliminar completamente a dor pode trazer dificuldades para o parto. Afinal, a dor tem uma função importante no trabalho de parto. Por exemplo, ela pode ajudar a paciente a perceber o melhor posicionamento para:

  • aumentar a eficiência das contrações;
  • aumentar a força de expulsão;
  • incentivar o melhor posicionamento no canal de parto;
  • aumentar a vontade de fazer força para a expulsão do bebê.

Nesse sentido, os estudos já mostraram que o uso de anestesia pode estar relacionado a efeitos colaterais, como:

  • Tempo de parto mais prolongado;
  • Maior risco de uso de intervenções, como rompimento forçado da bolsa, fórceps e vácuo extrator.

Esses problemas são reduzidos quando se aplica a anestesia de forma mais racional, buscando doses menores de anestésicos.

Portanto, a dor não precisa ser um motivo para evitar os partos normais. Afinal, há diversas técnicas que podem reduzi-la, trazendo mais conforto nesse momento. A analgesia no parto normal é bastante segura e traz menos riscos do que uma cesariana nos casos de mulheres sem contraindicação por via vaginal.

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Pré-natal: exames do 3º trimestre

O pré-natal é a rotina de cuidados e consultas médicas realizados durante a gestação para trazer mais saúde e bem-estar para a mãe e o bebê. Ele envolve diversas medidas importantes, como educar a mãe sobre o que está acontecendo em cada etapa da gravidez, prevenir doenças e planejar o parto. Para isso, são realizados exames periódicos que ajudam o seu médico a diagnosticar e a tratar precocemente doenças que podem causar complicações.

Assim como a gestação, o pré-natal é geralmente dividido em três trimestres, tendo em vista os principais marcos de desenvolvimento do feto e da gestação. Neste post, vamos focar nos exames pedidos no pré-natal do terceiro trimestre. Ficou interessada? Acompanhe até o final!

Quais exames são pedidos antes do 3º trimestre?

Exames do 1º trimestre

  • Papanicolaou, que é feito para rastreamento do câncer do colo uterino. Ele geralmente é repetido durante o pré-natal em mulheres sem contraindicações;
  • Tipagem sanguínea: identifica o tipo sanguíneo e o fator Rh, sendo essencial para prevenir reações imunológicas na mãe devido à interação de anticorpos maternos com o sangue do bebê;
  • Hemograma completo: usado principalmente para diagnosticar anemia. Também faz a contagem de glóbulos brancos (leucócitos, que são nossas células de defesa) e plaquetas, as quais são essenciais para a coagulação do sangue;
  • Glicemia de jejum: avalia a presença de diabetes pré-gestacional, além de ajudar a avaliar o risco de diabetes gestacional;
  • Sorologia para HIV: detecta anticorpos contra o HIV, o que ajuda a identificar mulheres que podem estar infectadas pelo vírus. Portanto, é crucial para prevenir a transmissão mãe-feto (vertical);
  • Detecção da Hepatite B e C, que são infecções que podem afetar a saúde materna e fetal;
  • Exames para detecção de infecções, como citomegalovírus (CMV), toxoplasmose, rubéola e sífilis, que podem causar malformações fetais;
  • Urina rotina com urocultura, que detecta infecções urinárias, as quais podem aumentar o risco de complicações na gravidez;
  • Fezes, que identifica parasitas intestinais que podem prejudicar a nutrição materna;
  • Ultrassonografia obstétrica transvaginal, que ajuda a confirmar a gravidez e a identificar se é única ou gemelar;
  • Ultrassonografia morfológica de primeiro trimestre: avalia a anatomia do feto e os riscos de doenças genéticas.

Além desses exames essenciais, o pré-natal pode envolver outros exames, indicados de forma individualizada, como:

  • Teste de sexagem: Determina o sexo do bebê a partir da oitava semana de gestação;
  • Marcadores bioquímicos maternos de primeiro trimestre: Estima o risco de anomalias genéticas, como síndrome de Down.

Exames do 2º trimestre

Repetem-se os seguintes exames feitos no primeiro trimestre:

  • Hemograma;
  • Sorologia para HIV;
  • Exames de detecção da hepatite B, da hepatite C, do citomegalovírus, da toxoplasmose e da rubéola;
  • Urina rotina com urocultura.

Além disso, são feitas as:

  • Ultrassonografia transvaginal do segundo trimestre. Um dado importante desse exame é a medição do colo uterino, a qual ajuda a avaliar o risco de parto prematuro;
  • Ultrassonografia morfológica do segundo trimestre, que, além de avaliar a morfologia fetal, analisa a posição placentária e o volume de líquido amniótico.

Exames do pré-natal do 3º trimestre

No pré-natal do terceiro trimestre, são repetidos os seguintes exames:

  • Hemograma;
  • Sorologia para HIV;
  • Detecção da toxoplasmose, da rubéola e das hepatites;
  • Urina rotina com urocultura.

Além disso, a rotina de exames do terceiro trimestre é importante para identificar doenças que surgem mais tardiamente na gestação e para planejar o parto.

Rastreio da diabetes gestacional

A diabetes gestacional é um tipo específico de diabetes que está limitada ao contexto de uma gravidez. Ela é caracterizada como o aumento dos níveis de glicose no sangue a partir da 24ª semana de gestação, que é um período marcado por um pico de resistência do corpo à ação da insulina (hormônio que ajuda a retirar a glicose do sangue).

Por isso, os exames usados para diagnosticá-la são requisitados geralmente entre a 24ª semana e a 28ª semana de gestação. Para isso, geralmente é requisitado o teste de tolerância à insulina. Nele, a paciente realiza um teste de glicemia em jejum. Depois disso, ela toma uma dose elevada de glicose concentrada, medindo-se novamente a glicemia 1h e 2h após essa sobrecarga.

Tratar a diabetes gestacional é fundamental, pois níveis elevados de glicose no terceiro trimestre estão associados a um risco aumentado de:

  • Macrossomia fetal, isto é, feto com mais de 4 quilos em qualquer momento da gestação ou com mais de 4,5 quilos no momento do parto;
  • Pré-eclâmpsia;
  • Distocia do ombro;
  • Necessidade de cesariana;
  • Morte fetal.

Ultrassonografia obstétrica com doppler

Assim como as ultrassonografias obstétricas do segundo trimestre, esse exame fornece informações importantes sobre a gestação, como:

  • Avaliação do peso, do perímetro cefálico e da anatomia do feto;
  • Medição do volume de líquido amniótico;
  • Avaliação da apresentação fetal, a qual é importante para a programação do parto;
  • Avaliação da placenta.

A novidade é a realização da técnica doppler, que mede a velocidade do sangue que entra e sai dos vasos sanguíneos. Ao avaliar o fluxo sanguíneo nos vasos da placenta e do bebê, esse exame é importante para avaliar o bem-estar fetal e a identificar precocemente malformações cardiovasculares fetais.

Ecocardiograma fetal

É um exame utilizado principalmente para avaliar a funcionalidade e a anatomia do coração do bebê. As anomalias cardíacas estão entre as malformações fetais mais frequentes. Identificá-las precocemente ajuda a preparar os cuidados neonatais para evitar complicações após o nascimento do bebê.

Detecção do estreptococo B

Diversos microrganismos estão presentes na flora vaginal e podem ser transmitidos ao bebê durante o parto normal. A maioria deles é inofensiva para o bebê e não causam nenhuma doença grave. Uma delas, o estreptococo B, está presente na flora de até 40% das mulheres e é mais preocupante. Afinal, ela está associada a um maior risco de meningite, pneumonia e sepse no período neonatal. Se ela for identificada no exame, o parto normal pode ser realizado com tranquilidade, mas será necessário administrar antibióticos antes do parto.

Portanto, o pré-natal do 3º trimestre é fundamental para a saúde da mãe e do bebê. Nele, serão realizados exames fundamentais para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de condições que podem prejudicar o bem-estar maternofetal. Além disso, ele ajuda no planejamento do parto e dos cuidados neonatais.

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Pólipo endometrial pode afetar a gestação?

A gestação é um fenômeno bastante complexo e que envolve a interação de diversas estruturas do corpo da mulher. O útero é um dos maiores protagonistas nesse processo. Com isso, doenças e lesões uterinas podem ter um impacto sobre as chances de sucesso de uma gravidez.

Nesse sentido, existem muitas condições que podem afetar uma gestação. Por esse motivo, existe uma especialidade médica, a obstetrícia, que se dedica a estudar e acompanhar a gravidez.

No entanto, é importante ressaltar que nem toda condição uterina leva a complicações gestacionais. Por isso, neste post, vamos falar sobre o pólipo endometrial e sua relação com as gestações. Ficou interessada? Acompanhe até o final!

O que é pólipo endometrial e quais são seus sintomas?

Pólipos endometriais são lesões bem localizadas que ocorrem quando há proliferação de células em uma região limitada do endométrio na cavidade uterina. O endométrio é o tecido que reveste a cavidade uterina, sendo essencial para a fertilidade e o crescimento saudável do embrião.

Diversas lesões podem acometer o endométrio, e os pólipos endometriais são uma das mais comuns. Os pólipos uterinos geralmente são benignos e assintomáticos. Quando surgem, as principais manifestações são:

  • Sangramento uterino anormal, que pode vir como aumento do fluxo menstrual, aumento do número de dias de menstruação ou sangramentos de pequeno volume no período entre as menstruações;
  • Dor durante o período menstrual (dismenorreia);
  • Sangramento uterino após relações sexuais.

Além disso, os pólipos endometriais podem reduzir as chances de gravidez, causando infertilidade, mesmo em mulheres assintomáticas. Eles também podem estar relacionados a menor taxa de sucesso em técnicas de reprodução assistida.

O pólipo endometrial pode afetar a gestação?

Não, de acordo com as evidências científicas atuais. Para saber se uma doença causa alguma alteração na gestação, é preciso que sejam conduzidos estudos que observem a frequência de complicações em mulheres com pólipos endometriais. Essas pesquisas podem ser feitas de diversas formas, como:

  • Dividir gestantes em dois grupos: um grupo acometido por pólipos endometriais e um outro sem essas lesões. Idealmente, deve-se buscar mulheres sem nenhuma outra condição que possa interferir na gestação. Depois disso, observar e coletar dados sobre complicações na gestação;
  • Coletar dados de registros médicos de pacientes que sofreram complicações gestacionais e identificar se elas foram diagnosticadas previamente com pólipos endometriais;
  • Fazer algum exame, como histeroscopia ou uma ultrassonografia, logo após a ocorrência de algum aborto ou parto prematuro.

O primeiro tipo de estudo é o melhor para ajudar a entender se os pólipos endometriais aumentam ou não o risco de complicações. Os dois últimos podem ter mais interferência de outros fatores.

Agora que já sabemos como são feitos os estudos para identificar a relação entre os pólipos e as complicações gestacionais, ficará mais fácil entender as evidências que temos no momento. Um estudo realizou histeroscopia diagnóstica em 151 mulheres que tiveram um abortamento retido (o feto permanece no útero após um período de 30 dias do óbito) e um abortamento incompleto (ainda há fragmentos da gestação no útero).

Esse estudo encontrou que 12 pacientes (7,9%) desse total de pacientes tinham pólipos endometriais. Contudo, quando análises estatísticas foram realizadas, não houve diferença significativa das mulheres com pólipos e mulheres saudáveis. Desse modo, os autores concluíram que não foi possível estabelecer uma correlação entre pólipos uterinos e abortamentos retidos ou incompletos.

Outro estudo, realizado no Brasil, selecionou 66 mulheres que tiveram 2 ou mais abortamentos consecutivos. Eles encontraram que 22 delas tinham algum tipo de alteração uterina, como:

  • 4 casos de útero arqueado;
  • 2 casos de septo uterino;
  • 1 caso de útero bicorno;
  • 7 casos de aderências uterinas;
  • 4 casos de pólipos endometriais;
  • 2 casos de miomas uterinos.

Esse estudo concluiu que a presença de lesões intrauterinas está correlacionada com uma maior chance de abortamento. Contudo, ele envolveu poucas pacientes e o modelo de estudo não permite inferir se há uma relação de causa/consequência.

Portanto, em resumo, não há evidências nem para confirmar nem para excluir que os pólipos endometriais aumentam a chance de abortamento em comparação com mulheres sem esse tipo de lesão. Entretanto, a ciência está em constante evolução e o entendimento pode mudar com o tempo.

Diagnóstico e tratamento do pólipo endometrial

A investigação inicial dos pólipos uterinos é feita pela ultrassonografia transvaginal ou pela histerossonografia, uma ultrassonografia que envolve o preenchimento da cavidade uterina com soro fisiológico. A confirmação do diagnóstico é feita pela histeroscopia ambulatorial, mas ela somente é necessária em casos mais específicos e é contraindicada durante a gestação.

Em geral, recomenda-se a retirada dos pólipos endometriais antes de engravidar para aumentar as chances de sucesso da fertilização natural ou assistida. Contudo, as principais sociedades de reprodução humana internacionais, como a Sociedade Europeia e a Associação Americana, informam que não há evidência de que a retirada dos pólipos reduza o risco de abortamentos recorrentes ou de complicações gestacionais.

Portanto, se você tem pólipo endometrial e está grávida, não há motivo para se preocupar excessivamente. Mantenha seu pré-natal normalmente conforme as orientações de um obstetra. Se você está planejando engravidar, converse com um médico sobre a necessidade de realizar a retirada dos pólipos antes de tentar conceber.

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