Dra Cristiane Pacheco | WhatsApp

Versão cefálica externa: veja o que é

Durante a gestação o bebê fica envolto por uma quantidade crescente de líquido amniótico. Com isso, a posição de seu corpo pode variar à medida que ele se movimenta, ganha peso e o útero da mãe se expande.

No segundo trimestre ele pode adotar várias posições. Contudo, nas semanas que antecedem a data provável do parto, é essencial que ele esteja de “cabeça para baixo” em relação à gestante. Caso contrário, um procedimento pode ser necessário, a versão cefálica externa.

Um dos estágios mais precoces da preparação do feto para o parto é a adoção da posição cefálica. Nela, a cabeça se encaixa na região mais inferior do útero, o istmo, de onde o bebê pode progredir pelo canal durante o período de expulsão.

Em outras posições não há o encaixe adequado. Antigamente isso levava à realização das cesarianas. Hoje em dia é possível fazer a correção manual da posição no ambiente hospitalar.

Ficou interessada? Entenda melhor no nosso post!

O que é a versão cefálica externa?

Conhecida como VCE, a versão cefálica externa é uma manobra manual que busca girar o corpo dos fetos em relação ao útero. Afinal, há algumas posições incompatíveis com o parto vaginal, como:

  • A transversa: o bebê se deita sobre o istmo do útero;
  • A pélvica: ele se senta sobre o istmo.

Quando executado por um obstetra, é um procedimento muito seguro e que pode evitar a necessidade de cesariana. Por isso, várias sociedades médicas recomendam que ele seja empregado se a gestação reunir todas as condições para o parto normal com boa evolução, com exceção da própria posição do bebê.

Evolução normal e alterada da posição do bebê durante a gestação

Por volta da 19ª semana de gestação o tamanho do bebê já é significativo em relação ao espaço disponível na cavidade do útero. Então, os movimentos fetais se tornam mais restritos e dizemos que o bebê adota uma posição. Antes desse momento, seu corpo pode se movimentar livremente e não há uma posição regular, ela varia constantemente.

Durante o segundo trimestre de gestação, ele pode estar em diversas apresentações sem que isso signifique um problema para um futuro parto. No entanto, a partir do terceiro trimestre há uma rotação gradual do feto provocada pelos seus próprios movimentos, por contrações suaves do útero e pela mudança da morfologia da cavidade.

Assim, a posição cefálica deve ocorrer para possibilitar o parto normal.

Motivos que levam a posições fetais que dificultam o parto normal

Não existe um fator único que leva às posições anormais, mas algumas condições podem estar associadas a elas, como:

  • Feto com alto peso para a idade gestacional;
  • Alterações anatômicas do útero, que podem ser congênitas ou adquiridas;
  • Baixa produção de líquido amniótico;
  • Baixa atividade fetal ou uterina.

Como a versão cefálica externa é feita pelo médico?

A técnica, apesar de relativamente simples, precisa de um médico experiente na condução:

  • A gestante será posicionada em um leito deitada de costas;
  • Uma das mãos do médico vai ser posta na região do abdômen em que está a cabeça do bebê, a outra fica onde está a pelve do feto;
  • O médico vai criar um movimento circular com as suas mãos, direcionando a cabeça para a região do istmo do útero e a pelve na direção contrária;
  • Recomenda-se um limite de 6 tentativas de versão cefálica externa. Se malsucedidas, deve ser programada a cesariana. Em caso de sucesso, será feito um parto normal habitual.

O procedimento deve ser realizado após a 36ª semana de gestação para reduzir os riscos de rompimento da placenta, o que levaria à cesariana de emergência. A partir dessa idade, o parto cirúrgico também é seguro diante de uma eventual complicação da versão cefálica externa.

No momento certo, o obstetra vai programar a realização do procedimento em um hospital. Ele deve ser sempre conduzido nesse ambiente para oferecer segurança à mãe e ao bebê. Assim, pode haver a monitorização ecográfica do feto e a avaliação do sofrimento fetal. Se acontecer qualquer evento adverso, haverá uma equipe médica de prontidão para realizar procedimentos de emergência.

Antes da realização do procedimento , alguns médicos podem utilizar medicamentos para inibir as contrações uterinas. Elas podem se intensificar durante a manipulação do útero e dificultar a versão da posição cefálica.

O grau de dor percebido pelas mulheres é muito variável, de leve a intenso. A anestesia e a analgesia com medicamentos geralmente não são utilizadas de rotina, sendo reservadas para as mulheres que apresentam dores mais fortes.

Quais são os riscos de não fazer a versão cefálica externa?

A versão cefálica externa é uma manobra com o objetivo de permitir os partos normais quando a posição fetal está incompatível com essa via de parto. Portanto, o principal risco de não a fazer será a necessidade de uma cesariana.

Nem sempre é possível evitar o parto cesáreo, porém., algumas contraindicações à correção manual são:

  • Evidência de suprimento de oxigênio inadequado para o feto (hipóxia);
  • Instabilidade clínica da gestante;
  • Fatores de contraindicação do parto vaginal;
  • Dilatação de membranas com dilatação do colo uterino;
  • Risco de prolapso do cordão umbilical ou de descolamento da placenta;
  • Quantidade baixa de líquido amniótico (oligoâmnio);
  • Malformações fetais;
  • Anomalias uterinas ou cervicais;
  • Existência de cicatrizes uterinas prévias.

Portanto, a versão cefálica externa é uma manobra pouco conhecida pelas gestantes, mas muito interessante. As posições anormais do feto são uma das principais causas de partos cesarianos. Se você deseja um parto normal e esse for o único empecilho, existe essa alternativa para garanti-lo.

Quer entender melhor o assunto? Então, não deixe de conferir outro artigo que complementa as informações que demos aqui!

Plano de parto: saiba o que é

O parto humanizado é o resgate da perspectiva do parto como um momento de protagonismo seu e de sua família. Nesse sentido, você tem um papel central no planejamento para que ele se torne um evento com muitas memórias positivas e alegres.

Os seus desejos e suas expectativas podem ser determinados em um documento, o plano de parto, que ganha cada vez mais a atenção das gestantes.

Além disso, ele é uma forma de tornar os processos do nascimento ainda mais especiais para que o vínculo entre você e o bebê seja precoce e saudável. No plano, é possível incluir a equipe médica desejada, os acompanhantes, o tipo de técnica de parto, a ambientação do espaço (música e iluminação), entre outros pontos.

A equipe médica deve respeitar, sempre que possível, o seu plano de parto. No entanto, diante de situações de risco para a gestante e o bebê pode ser necessário decidir rapidamente.

Portanto, nem sempre é possível seguir à risca o planejamento. Porém, com respeito e cuidado, a equipe vai buscar as práticas mais efetivas e seguras, que atendam aos desejos especificados no documento.

Quer entender melhor? Acompanhe!

O que é plano de parto?

Falamos que ele é um documento, pois tem um valor legal e pode ser registrado em cartório. No entanto, o processo de elaboração não precisa ser formal. Pelo contrário, você deve procurar dar um toque pessoal.

É uma forma de compreender as emoções, sonhos e expectativas. Diante disso, pode decidir sobre o tipo de parto, as intervenções médicas preferidas ou indesejadas, as pessoas que acompanharão o momento, entre outros pontos. Abordaremos detalhadamente isso mais à frente.

Como o plano de parto é feito?

A elaboração do plano de parto pode começar desde a primeira consulta pré-natal. Nela, o(a) ginecologista-obstetra vai informá-la sobre todas as etapas, desde esse primeiro contato até o parto.

Com isso, você conhece melhor sobre o plano de parto e os seus direitos como gestante. A cada nova consulta o profissional vai agregar mais informações para que você entenda progressivamente como funciona todo o trabalho de parto.

Então, em uma consulta mais próxima ao parto, vocês discutem mais diretamente a elaboração do documento. Nenhuma decisão é tomada rapidamente: ele pode oferecer ou mostrar alguns modelos de plano de parto para que você amadureça suas decisões em casa, junto com as pessoas que ama.

Quando o plano de parto estiver concluído, o obstetra deve revisar o documento.

Depois disso, é preciso enviar o plano de parto para o hospital ou clínica em que ocorrerá o nascimento, para que possam informar previamente se é possível atender às suas requisições.

Quando todos os pontos estiverem mais afinados, é importante deixar uma cópia desse documento e do seu histórico clínico com o médico, acompanhante e doula, se for o caso.

Quais garantias o plano de parto oferece?

O plano de parto garante que as suas escolhas para esse evento sejam respeitadas pela equipe médica. Com exceção das situações em que há risco para a saúde, a vida e a integridade física sua ou do bebê, as determinações do planejamento devem ser seguidas. Veja algumas informações que podem ser inseridas!

Informações básicas

  • Identificação pessoal com nome, endereço e forma de contato;
  • Médico desejado para o parto com contato telefônico;
  • Médico que acompanhou o pré-natal (se for diferente do que fará o parto);
  • Nome dos acompanhantes, como o parceiro e os pais. Além deles, você pode incluir o nome de uma doula.

Devido às restrições da pandemia, nem sempre é possível que todos os acompanhantes desejados possam participar do parto.

Preferências do parto

As técnicas de parto são muito diversas, apesar de somente o normal e a cesariana serem conhecidos popularmente:

  • Na água;
  • De cócoras ou de pé;
  • Tipo Leboyer;
  • Parto vaginal assistido.

Além disso, você pode deixar claro quais procedimentos devem ser reservados apenas para os casos de necessidade pelos riscos a você e ao bebê, como:

  • Episiotomia;
  • Conversão para cesariana;
  • Fórceps.

Outras possibilidades que as gestantes frequentemente questionam:

  • Espelho para ver o nascimento do bebê;
  • Deixar o marido cortar o cordão umbilical;
  • Colocar o bebê em contato pele a pele imediatamente após o parto ou tão logo quanto possível.

Ambientação

Uma das melhores formas de tornar o parto um momento essencial é deixá-lo com a sua cara. Você pode escolher:

  • Algumas músicas suaves para tocar durante o trabalho de parto;
  • Intensidade da luz;
  • Instrumentos para facilitar o trabalho, como as bolas de nascimento, os pufes e as cadeiras de parto;
  • O registro do processo com fotografias ou vídeos.

Alívio da dor

O parto natural é uma modalidade de parto normal em que não há nenhuma intervenção médica, nem medicamentos, nem procedimentos cirúrgicos. Entretanto, parto humanizado não é sinônimo de natural. Todo o tipo de parto pode e deveria ser humanizado, com o respeito ao corpo e aos desejos da gestante.

Dito isso, você pode incluir no seu parto os tipos de medicamentos analgésicos e de anestesia que preferir. Do mesmo modo, há formas de alívio da dor possíveis para um parto natural, como massagens relaxantes e técnicas de respiração.

Inclusive, você pode expressar a sua flexibilidade na administração de medicamentos para os casos de mudança de ideia durante o parto.

Alimentação e cuidados com o bebê no pós-parto

O plano de parto também inclui as horas posteriores ao nascimento:

  • Amamentação após o nascimento;
  • Procedimentos rotineiros que ainda não tenham um benefício muito claro para você ou o bebê;
  • Em caso de internação, se deseja que seu filho fique no quarto ou nos berçários durante um determinado período.

O plano de parto é, portanto, mais um instrumento importante para a humanização dos nascimentos. Ele é um documento em que a mulher expressa a sua autonomia e protagonismo.

Ao ter domínio sobre o parto, o momento pode se tornar mais significativo e acolhedor, para você e para o bebê.

Quer saber mais sobre o plano de parto? Não deixe de ler este artigo bem completo que fizemos sobre o tema!

 

 

Fórceps: o que é e quando pode ser utilizado?

O parto normal assistido pelo fórceps é temido por muitas mulheres. Devido ao uso indevido desse instrumento há algumas décadas, criou-se um mito de que sempre traz mais malefícios do que benefícios.

No entanto, esse conceito está incorreto: quando o fórceps é utilizado adequadamente, dentro das indicações e com a técnica bem executada, ele pode salvar a vida dos bebês.

Afinal, nem sempre os partos vaginais evoluem como esperado e, diante de complicações, os médicos precisam dar uma assistência um pouco mais invasiva. Ao contrário do que muitos pensam esse instrumento não serve para puxar o bebê à força. Na verdade, ele tem o objetivo de guiar a cabeça dele pelo trajeto do canal vaginal.

Com isso, pode-se evitar a necessidade de uma cesariana de emergência, que apesar de necessária em diversos contextos, traz mais riscos do que o fórceps. Quer entender melhor? Acompanhe!

O que é o fórceps?

É um instrumento cirúrgico no formato de uma pinça, que muitas mulheres associam com os pegadores de salada. Em sua extremidade há dois fixadores parecidos com uma concha com um furo bem grande ao centro. Tudo isso foi pensado para reduzir o risco de lesão em você e no bebê:

  • Os furos servem para uma melhor aderência à cabeça do bebê e para evitar lesões na pele dele, especialmente na região das orelhas;
  • O formato em concha é adaptado para a anatomia do canal vaginal e, assim, causar o mínimo de lacerações e escoriações possível.

Quando ele pode ser utilizado?

Para entender por que o fórceps ganhou má fama, precisamos resgatar uma página da história da obstetrícia. Até boa parte do século XX, os médicos ainda não tinham inventado uma técnica de parto cirúrgico segura, — a cesariana se popularizou apenas na década de 1970. Até então, o fórceps era o principal método para assistência a partos difíceis.

No entanto, passou a ser excessivamente utilizado em diversas situações em que não oferecia benefício, especialmente para acelerar o parto. Além disso, muitos casos de inserção e de execução inadequadas ganharam a mídia, contribuindo para uma má-fama.

Contudo, o fórceps é uma ferramenta valiosa para a obstetrícia. Quando indicado corretamente pode reduzir o sofrimento do feto e/ou evitar a realização de uma cesariana de emergência. De forma geral, ele é utilizado diante de dois grupos de eventos:

Sofrimento fetal agudo: os batimentos cardíacos do bebê começam a cair rapidamente. Consequentemente, a oferta de oxigênio e nutrientes para os órgãos, principalmente, o cérebro, cai. Com isso, pode haver lesões cerebrais graves, que prejudicam o desenvolvimento infantil no futuro. Também, pode ocorrer a situação oposta com a aceleração excessiva, o que pode levar à parada cardíaca;

Fatores maternos: a mãe apresenta alguma contraindicação a um trabalho de parto mais intenso ou ela está com sinais de exaustão, o que impossibilita a progressão da força de expulsão.

Agora, vamos explicar algumas situações mais específicas.

Fatores maternos

  • Dificuldade de empuxo: empuxo é a força que você faz para a expulsão, que empurra o bebê para fora do útero pelo canal de parto até a saída na vagina;
  • Trabalho de parto prolongado: é normal que o parto dure várias horas. No entanto, há um limite de segurança de 20 horas, no qual será preciso a assistência médica interventiva. Primeiro pode-se tentar o fórceps acompanhado ou não de uma episiotomia. Caso não seja possível é realizada a cesariana;
  • Problemas de saúde maternos: algumas condições médicas, geralmente de origem cardiovascular (hipertensão e insuficiência cardíaca), contraindicam o excesso de força da mulher no parto. Além disso, outras doenças, como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), reduzem o condicionamento cardiorrespiratório e a capacidade de manter um trabalho por tempo prolongado.

Fatores fetais

  • Alteração dos batimentos cardíacos: a equipe médica monitora constantemente os batimentos cardíacos fetais durante o parto. Esse é o principal indicador de que o corpo do bebê está percebendo algo errado. Então, mesmo que haja boas condições para a progressão do parto, pode ser necessário acelerá-lo;
  • Dificuldades de desprendimento do canal vaginal: ocorrem quando o corpo do bebê já passou parcialmente por alguma porção do canal vaginal, mas não consegue se desprender para concluir o trabalho de parto.

Quando o fórceps está contraindicado?

  • São identificadas condições no feto que afetam a sua força óssea;
  • Predisposição do bebê a sangramentos (como na hemofilia);
  • O bebê não ultrapassou o ponto médio, que marca a metade do canal vaginal;
  • Não foi identificada a posição da cabeça do bebê (a pegada da pinça precisa ser na cabeça);
  • Os ombros e os braços do bebê em posição mais à frente do canal em comparação com a cabeça;
  • Há incompatibilidade do diâmetro da pelve da mãe com a cabeça do bebê. Isso acontece quando o bebê está com mais de 4 quilos (macrossomia) ou a mãe apresenta uma pelve estreita para pesos menores.

Quais são os riscos para a mãe e para o bebê?

As complicações do uso do fórceps são muito parecidas com os do parto normal, mas os riscos podem ser maiores e as lesões mais intensas:

  • Dor perineal pós-parto;
  • Lacerações no trato genital inferior;
  • Dificuldade de micção;
  • Lesões na bexiga e na uretra, as quais podem complicar para a incontinência urinária;
  • Incontinência fecal;
  • Enfraquecimento dos músculos e ligamentos pélvicos.

No entanto, a maioria das gestantes se preocupa mesmo com as “famosas” lesões nos bebês. Felizmente elas são bem mais raras e ligadas ao mau uso do fórceps, com a aplicação de força excessiva sobre a pinça.

Por tudo que vimos, o fórceps é um instrumento muito importante e necessário em certos eventos. Portanto, o importante é que o parto deve ser sempre humanizado com muito respeito da equipe pelos desejos e pela integridade física da gestante. Com isso, as chances de traumas psíquicos ou corporais são reduzidas.

Quer entender melhor sobre o uso do fórceps? Não deixe de conferir este nosso post sobre o tema!

Distocia: o que é?

O parto é um processo muito complexo, que envolve uma série de fenômenos e características da mãe e do bebê. Portanto, é preciso que eles aconteçam na hora, na sequência, na intensidade e na duração adequadas. Qualquer problema em um desses pontos pode levar à distocia, a alteração no desenvolvimento normal do parto.

Simplificadamente dizemos que um parto normal sem complicações ou dificuldades significativas dependem de três fatores:

  • A força motriz: a contratilidade do útero;
  • O objeto: o bebê;
  • o trajeto: a bacia, as partes moles (principalmente o colo uterino) e a patência do canal.

Durante o trabalho de parto eles são avaliados frequentemente por exames feitos pela equipe médica, como a medida da dilatação uterina, a identificação da posição fetal e a força/frequência das contrações uterinas. Com isso, busca-se evitar a ocorrência da distocia.

Quer entender melhor? Acompanhe!

O que é distocia?

O sucesso do parto depende uma sequência de:

  1. Fase de dilatação: abertura gradual do colo uterino seguida por contrações cada vez mais rápidas e fortes;
  2. Fase de expulsão: o colo se dilata suficientemente para a passagem do bebê e as contrações se tornam tão intensas e rápidas que provocam a expulsão do feto;
  3. Fase de dequitação;
  4. Período de Greenberg.

Para entender a distocia é interessante resgatar a origem desse termo médico:

  • “dis“ é uma palavra latina com o sentido de oposição ou negação;
  • “tocia”, por sua vez, vem da palavra grega “tokos”, que significa “nascimento, parto ou o ato de dar à luz”.

Nesse sentido, na obstetrícia o conceito é utilizado para um grupo muito grande de alterações no trabalho de parto em que fatores estruturais ou fisiológicos impedem a evolução do nascimento.

Os tipos de distocia

Distocia funcional

  • Distocia por hipoatividade uterina: a frequência das contrações uterinas está menor do que o normal na fase de expulsão do parto. Isso pode prolongar o trabalho de parto e resultar em uma conversão para cesariana;
  • Distocia por hiperatividade uterina com obstrução: a frequência das contrações estão mais altas do que o normal sem que haja uma evolução do trabalho de parto. Isso pode acontecer por desproporção entre a cabeça do bebê e a abertura da pelve da gestante, presença de aderência uterina ou de um tumor obstrutivo;
  • Distocia por hiperatividade uterina sem obstrução: comumente é uma característica da própria mulher, que tem um trabalho de parto rápido (3 horas ou menos);
  • Distocia por hipertonia: são contrações uterinas com força acima do normal. Pode ser causada por alguns medicamentos (ocitocina) ou quando a musculatura do útero está muito distendida, como na gravidez de gêmeos e no excesso de líquido amniótico;
  • Distocia por hipotonia: as contrações são mais fracas, o que usualmente não tem impacto nas fases de dilatação ou de expulsão dos bebês, porém pode atrasar o desprendimento da placenta em relação ao endométrio;
  • Distocia de dilatação: as contrações uterinas estão em frequência e intensidade esperadas, mas não há a evolução adequada do trabalho de parto. É um diagnóstico de exclusão, em que há um descompasso entre a atividade uterina e a dilatação do colo.

Distocia do trajeto

É a distocia provocada por alguma alteração na patência ou na permeabilidade do canal de parto devido a anormalidades das:

  • Partes moles: dificuldade ou impedimento do trabalho de parto devido ao estreitamento do canal de parto, como o períneo, o colo uterino, a vagina e a vulva;
  • Partes ósseas: problemas na evolução do parto devido a fatores ósseos estruturais.

Distocia do objeto

Ocorre quando o feto apresenta fatores desfavoráveis para o parto em relação ao corpo da mulher:

  • Tamanho do bebê inadequado para a passagem pela via vaginal;
  • Apresentação pélvica ou transversa;
  • Posição de apresentação inadequada;
  • A relação da distocia com o tipo de parto.

A distocia é um termo utilizado principalmente para se referir às dificuldades de evolução do parto vaginal. Para identificá-la e tratá-la, os obstetras monitoram periodicamente a dilatação do colo, a frequência e intensidade das contrações, assim como a apresentação e os batimentos fetais.

Veja alguns exemplos de como a distocia pode estar relacionada com os diferentes tipos de parto:

  • Um parto natural pode ser convertido em parto assistido (como administração de medicamentos para regular as contrações ou uso do fórceps). Isso pode evitar a conversão para a cesariana emergencial, que pode ser necessária em caso de falha de outras intervenções;
  • O excesso de determinados medicamentos para as contrações uterinas, porém, pode levar a outras formas de distocia funcional;
  • Apesar de não ser tão frequente, o parto pode evoluir para a distocia biacromial (dos ombros). Nesse caso, a cabeça se encaixa no canal de parto, porém os ombros não se desprendem. Isso exige uma resposta rápida do médico para evitar o óbito por meio de manobras e procedimentos cirúrgicos.

A distocia mostra a importância de um bom acompanhamento do parto, que deve seguir critérios técnicos e humanizados. As complicações frequentemente são imprevisíveis, mas um médico experiente pode adotar as medidas necessárias para um melhor prognóstico do parto e para a saúde da mãe e do bebê após o nascimento.

Quer saber mais sobre a distocia e sua identificação durante o trabalho de parto? Então, não perca este post sobre o tema!

Episiotomia no parto normal: é obrigatória?

A violência obstétrica é um tema cada vez mais discutido, pelos obstetras e pelas próprias gestantes durante o pré-natal e o planejamento do parto. Nesse contexto, a episiotomia no parto normal recebe uma atenção especial. Afinal, foi e é utilizada fora das indicações formais, submetendo a mulher a sequelas que comprometem a qualidade de vida.

Por isso, há um crescente movimento de conscientização pelo parto humanizado e, quando possível, natural. A humanização significa colocar a mulher no protagonismo das decisões da gestação, informando-a sobre o risco-benefício de cada intervenção médica e respeitando a sua opção. A violência obstétrica surge quando:

  • Os desejos da mãe são desrespeitados;
  • São realizados procedimentos fora de indicações técnico-científicas;
  • Os riscos do procedimento são comprovadamente maiores do que os benefícios;
  • A técnica não foi realizada corretamente.

Quer saber mais sobre o assunto? acompanhe!

O que é a episiotomia?

A episiotomia é um procedimento cirúrgico, que consiste na seguinte técnica:

  • Avaliação da indicação do procedimento: dentro de critérios técnicos o obstetra deve considerar a episiotomia apenas quando seus benefícios superam os riscos;
  • Avaliação da saúde materna: ele também deve considerar os fatores de risco de sequelas da mãe especialmente incontinência urinária, pois, dependendo do caso a cesariana apresenta menos chances de comprometimento da qualidade de vida futura;
  • Higienização: a episiotomia é um ato cirúrgico, então o médico deve higienizar as mãos e utilizar luvas estéreis. Além disso, é feita a antissepsia desde a região do corte até as coxas e a pelve;
  • Analgesia: aplicação de medicamentos para reduzir a dor durante a incisão;
  • Execução do corte: uma incisão mediolateral no períneo, região entre a vagina e o ânus, para facilitar a passagem do bebê durante o parto normal. O tamanho do corte deve ser mínimo e os cuidados com a ferida cirúrgica devem ser seguidos a fim de evitar infecções.

Quando bem indicada a episiotomia é importante para evitar lesões graves nessa região devido à passagem do bebê. Portanto, não deve ser executada de forma rotineira para facilitar ou acelerar os trabalhos de parto não complicados.

A episiotomia foi usada como rotina durante o parto normal no século passado, quando ainda não havia dados significativos sobre os riscos das intervenções médicas. Já na década de 1990, diferentes estudos comprovaram que a episiotomia trazia muitos prejuízos quando realizada como rotina.

No entanto, em alguns casos, identificou-se que ela pode melhorar o prognóstico de qualidade de vida e de sobrevivência quando comparada à sua não execução.

A episiotomia no parto humanizado

Assim, os principais órgãos de saúde no mundo todo, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), passaram, então, a recomendar uma nova abordagem para a aplicação da técnica.

As Diretrizes de Assistência ao Parto Normal do Ministério da Saúde do Brasil trazem as seguintes recomendações:

  • Não realizar episiotomia de rotina durante o parto vaginal espontâneo;
  • Se uma episiotomia for realizada a sua indicação deve ser justificada;
  • Utilização preferencial da técnica mais segura (corte mediolateral originando na fúrcula vaginal e direcionada para o lado direito, com um ângulo do eixo vertical entre 45 e 60 graus).

Quando a episiotomia pode ser realizada?

A episiotomia é um procedimento exclusivo dos partos normais (vaginais), não são feitas nas cesarianas eletivas (agendadas com antecedência).

No entanto, há uma situação em que pode ter ocorrido a episiotomia e a cesariana em um mesmo parto. Mesmo após o obstetra ter realizado a técnica, o parto vaginal não evoluiu bem. Fora essa exceção as feridas no períneo podem ser erros técnicos.

Além disso, se você optou pelo parto vaginal natural, nenhuma intervenção médica deve ser feita. Diante de algumas ocorrências pode ser necessária a conversão do parto natural em intervencionista. Veja as principais indicações:

  • Bebês macrossômicos;
  • Distocia do ombro, quando o ombro do bebê fica preso atrás do osso pélvico;
  • Frequência cardíaca alterada no bebê;
  • Posições anormais do feto;
  • Necessidade do uso de fórceps;
  • Iminência de laceração de terceiro ou quarto grau.

Fora elas, possivelmente não há benefícios para a mãe e o bebê.

A episiotomia é obrigatória rotineiramente?

Não! Por isso, é recomendado que haja a elaboração de um plano de parto durante o pré-natal. Assim, o médico falará o que é a episiotomia, os seus passos e quando ela é indicada.

No plano você deixará indicada as situações em que autoriza a realização da episiotomia e os cuidados que deseja. Esse documento deve ser respeitado pelo médico, é um direito garantido em lei.

Quais os riscos da episiotomia?

A campanha pela redução das episiotomias não ocorreu devido a razões ideológicas. O motivo real é o grande número de sequelas vistas nas últimas décadas, como:

  • Hematomas, dores e infecções;
  • Laceração grave da vagina;
  • Incontinência urinária e fecal;
  • Dores crônicas nas relações sexuais.

Se você tiver passado por uma episiotomia, fique atenta a sinais de complicações, como febre, liberação de secreção pela ferida, dor e/ou vermelhidão locais intensas.

Portanto, dentro do paradigma de humanização da obstetrícia não há uma proibição para a realização de episiotomias. Pelo contrário, se forem corretamente indicadas e houver respeito à decisão da gestante, podem evitar complicações.

Em todo caso, as escolhas do parto devem permitir que esse seja um momento marcado pelo prazer e pela felicidade.

Quer saber mais sobre a episiotomia e suas indicações no parto normal? Não deixe de ler nosso post completo!

Parto induzido: quando é indicado?

Nos últimos anos, vários estudos têm demonstrado os benefícios de partos com o mínimo de intervenção médica possível. No entanto, em determinadas situações o obstetra precisa indicar alguma medida cirúrgica ou clínica para reduzir as chances de complicações e sequelas.

Nesse sentido, o parto induzido é uma técnica essencial quando os benefícios de sua realização superam eventuais riscos.

Felizmente, um acompanhamento médico, o pré-natal, traz a prevenção de várias complicações em todas as etapas das gestações. Com a realização de avaliações clínicas e exames laboratoriais a sua saúde e a do bebê serão investigadas profundamente.

Assim, é possível identificar as gestantes que terão potencialmente maiores complicações e colherão vantagens em induzir o parto. Quer saber mais sobre o assunto? Acompanhe!

Quando o parto induzido é indicado?

Por mais seguro que seja todo o procedimento médico carrega algum grau de risco de evento adverso. Em outras palavras desencadeiam um desfecho negativo, como:

Complicações desde as mais leves (incômodo, náuseas ou dor) até as graves (incapacitação ou insuficiência de órgão vital);

  • Infecções;
  • Complicações em gestações futuras;
  • Óbito materno ou fetal;
  • Comprometimento do desenvolvimento fetal.

As chances de ocorrência variam de acordo com o procedimento e as condições materno-fetais. Por exemplo, em relação exclusivamente à técnica, os riscos gerais de eventos adversos nas cesarianas são maiores do que no parto normal induzido. Porém, para as mães soropositivas, a cesariana é preferível, uma vez que reduz a chance de transmissão do vírus para o bebê.

Por isso, sempre que possível a indução é realizada quando o parto vaginal for recomendado e seus riscos forem menores do que o parto não induzido. Portanto, não tem o objetivo de ser realizada para acelerar o nascimento em gestações e partos sem complicação.

É reservada para situações em que vai apresentar menos risco do que a não-realização das técnicas, como:

Gestação pós-termo: idade gestacional maior do que 42 semanas, quando a placenta perde a capacidade de nutrir adequadamente o feto;

  • Ruptura das membranas antes de 34 semanas ou a qualquer tempo em caso de infecção e/ou sofrimento fetal;
  • Corioamnionite: inflamação das membranas fetais, do líquido amniótico e/ou da placenta por infecções bacterianas. Nela, há um aumento de risco de complicações obstétricas, comprometimento do desenvolvimento do bebê antes e depois do nascimento;
  • Restrição do crescimento fetal: o peso do bebê é significativamente menor do que aquele esperado para a idade gestacional;
  • Oligohidrâmnio: baixa produção de líquido amniótico;
  • Diabetes gestacional: o parto pode ser antecipado para evitar o surgimento de complicações ou diante de sinais de gravidade na mãe e no bebê;
  • Distúrbios da hipertensão (pressão alta): o parto pode ser antecipado em mulheres que apresentavam hipertensão antes da gestação a fim de evitar o desenvolvimento da pré-eclâmpsia ou quando esta complicação gestacional já está instalada.

Como é o parto induzido?

O parto normal (vaginal) é um processo desencadeado espontaneamente pelo corpo da mulher. Uma série de eventos anatômicos e bioquímicos faz com que as contrações uterinas aumentem de frequência e o colo do útero se dilate. Esse processo normalmente dura várias horas e culmina com a expulsão do feto e dos anexos gestacionais.

Em algumas situações, porém, não é possível esperar que o processo de parto ocorra naturalmente: será preciso induzi-lo. Atualmente, há três procedimentos principais para isso. Cada um deles atua em diferentes mecanismos.

Portanto, o médico pode utilizar tanto para iniciar o trabalho de parto artificialmente, quanto para acelerar aqueles que tiverem se iniciado naturalmente. Entenda!

Amadurecimento do colo uterino

As modificações estruturais do colo do útero são essenciais para desencadear o trabalho de parto. Naturalmente ele se tornaria progressivamente mais dilatado e amolecido. Quando atinge 10 centímetros de abertura tem início o nascimento do bebê.

É possível, porém, induzir esse processo artificialmente por meio de duas técnicas:

  • Administração de uma classe de medicamento que são semelhantes a substâncias corporais conhecidas como prostaglandinas;
  • Inserção de um cateter com um balão de solução salina.

No primeiro método para evitar complicações é preciso que sejam monitoradas ativamente as contrações maternas e a frequência de batimentos cardíacos do bebê. Assim, é possível saber o momento mais seguro para o início das tentativas de expulsão.

Ruptura da bolsa amniótica

Assim como o balão de solução salina é um método mecânico. Nesse caso, ocorre a abertura intervencionista da bolsa amniótica para facilitar o trabalho de parto. Para isso, é preciso que o bebê já esteja posicionado com a cabeça voltada para o canal de parto e o colo uterino em estágios mais avançados de dilatação.

O monitoramento da frequência cardíaca deve ser feito antes e depois do procedimento. Com isso, pode-se identificar precocemente o sofrimento fetal e tomar medidas para minimizar seus efeitos. Também é importante que haja a coleta do líquido amniótico para análises visual, olfativa e laboratorial. Se houver indícios de infecção é preciso iniciar o tratamento.

Uso de medicamentos

Um dos principais hormônios envolvidos nas contrações uterinas é a ocitocina. A administração intravenosa de sua versão sintética acelera o trabalho de parto, quando ele já iniciou natural ou artificialmente. O monitoramento contínuo das contrações e da frequência cardíaca do bebê é imprescindível para a segurança.

Pela complexidade e pela necessidade de monitorar os sinais vitais, o parto induzido deve ser feito em ambiente hospitalar. Isso reduz significativamente as chances de complicações.

Mesmo com riscos de eventos adversos esses procedimentos são essenciais quando as chances de comprometimento da sua saúde e do bebê são elevadas por outras condições. Caso contrário, prefira sempre um parto natural.

Quer saber mais sobre o parto induzido e suas indicações? Confira esse artigo completo sobre o tema!

Parto normal dói muito?

O parto normal é aquele que acontece pela via natural da mulher, o canal vaginal, sem a necessidade de cirurgias. Diversos estudos mostram que ele é muito benéfico tanto para a mãe quanto para o bebê, pois reduz os riscos de:

  • Sangramento, dor e infecções na gestante após o parto;
  • Problemas respiratórios e alérgicos na criança.

Diante disso, nunca deixe de considerá-lo como a principal opção, deixando o parto cirúrgico apenas se houver:

  • Contraindicações ao parto normal;
  • Indicação técnica para melhorar o prognóstico da sua saúde ou do bebê.

Quer entender melhor? Acompanhe este post!

Como é feito o parto normal?

O parto normal envolve as seguintes fases:

  • Latente: ocorre o aumento progressivo da frequência das contrações e da dilatação do colo uterino. Nela, pode ocorrer também a perda do tampão mucoso;
  • Ativa: as contrações se tornam muito fortes e mais próximas umas das outras (3 a 4 a cada 10 minutos). A dilatação do colo ultrapassa 6 centímetros. Nessa fase inicia a internação hospitalar para o acompanhamento da evolução;
  • Expulsivo: após 10 centímetros de dilatação começa a expulsão do bebê pelo canal vacinal. Nela, a gestante sente vontade de empurrar e fazer força. A duração varia de alguns minutos até horas;
  • Dequitação: após o nascimento a mulher ainda precisa eliminar os anexos gestacionais, como a placenta e a bolsa vazia de líquido amniótico. Essa fase é estimulada por contrações mais fracas.

Quais as modalidades de parto normal?

O parto normal pode ser conduzido pelo mecanismo natural do corpo da mulher ou receber intervenções médicas.

Natural

Não é programada nenhuma intervenção médica para o parto, exceto em situações que efetivamente colocam a integridade física e a saúde sua e do bebê em risco.

Isso não significa que é um parto desassistido, pois atualmente o Conselho Federal de Medicina reconhece apenas o nascimento em ambiente hospitalar. Com isso, garante-se o suporte estrutural e clínico necessários para atender à mãe e ao bebê, fundamental se houver alguma complicação no processo.

Um instrumento muito importante para qualquer tipo de parto, especialmente o natural, é o plano de parto. Nele, você pode deixar claras quais são as ocorrências em que você autoriza determinadas intervenções médicas.

Intervencionista

Apesar de não ser realizada nenhuma intervenção cirúrgica, o processo de parto é auxiliado por:

  • Medicamentos para a redução da dor;
  • Medicamentos para acelerar a dilatação do colo uterino;
  • Instrumentos para facilitar a passagem, como a fórceps e a vácuo.

Apesar de seguras essas medidas apresentam maiores riscos de complicações quando comparadas ao parto natural.

Quais as diferenças entre o parto normal e a cesariana?

Enquanto o parto normal é feito pela via natural (vagina), a cesariana é a principal técnica de parto cirúrgico, em que se cria um canal artificial. Com uma incisão desde a pelve até o útero o bebê é retirado por um cirurgião-obstetra. Todo esse processo é realizado sob anestesia regional ou geral (apenas em casos mais graves).

A cesariana é um método muito importante para situações específicas, como:

  • Reduzir as chances de transmissão de HIV em gestantes soropositivas;
  • Antecipar e aumentar a segurança do parto de mulheres com doenças gestacionais graves;
  • Realizar o parto em mulheres com canais vaginais estreitos;
  • Evitar o agravamento da incontinência urinária em pacientes com falhas do assoalho pélvico ou prolapso da uretra, entre outros.

Portanto, não deveria ser realizada rotineiramente com a finalidade de reduzir a dor do processo de parto ou de programar melhor. Afinal, apesar de parecer menos dolorosa, a cesariana está relacionada a dores pós-parto e a complicações:

  • Dor na ferida cirúrgica;
  • Processos inflamatórios que podem provocar dores pélvicas crônicas;
  • Períodos prolongados de internação, com maior risco de infecção hospitalar.

O parto normal dói?

Sim! Afinal, a dor é um importante guia para o processo ao auxiliar a mulher a descobrir a posição e o momento de empregar maiores esforços de expulsão. A intensidade geralmente varia de acordo com a sensibilidade à dor de cada pessoa. Por isso, o planejamento deve ser individualizado com a sua participação ativa.

No entanto, se a sua principal preocupação é a dor, é importante encarar o parto normal como um “investimento” de longo prazo. O incômodo pode ser maior durante o trabalho, mas, na recuperação, um fenômeno bastante interessante ocorre:

  • Há uma liberação maior de neurotransmissores e hormônios com efeito analgésico potente (resolução da dor);
  • Nessa complexa bioquímica pós-parto vaginal também são produzidas substâncias que reduzem os problemas de amamentação;
  • Tudo isso tem efeitos emocionais positivos, visto que as mulheres relatam mais satisfação geral com o processo de parto e uma melhor interação com o bebê quando comparadas àquelas que passaram pelo parto cesariano.

O que fazer para reduzir a dor?

Caso deseje um maior controle da dor, a gestante pode optar por estratégias. O objetivo não será eliminar completamente a sensação, mas deixá-la em níveis de intensidade toleráveis pela mulher.

O medo e a ansiedade alteram a química do sistema nervoso e aumenta a sensibilidade à dor. Algumas intervenções de relaxamento podem reduzir a dor:

  • Durante o processo de pré-natal, o(a) médico(a) podem conversar com você sobre a dor do parto para criar mecanismos psíquicos de enfrentamento;
  • Ambientação da sala de parto com elementos, como músicas e iluminação, que trazem maior aconchego;
  • A presença de um(a) acompanhante escolhido e de uma equipe em quem confia.

Físicos e mecânicas

Além disso, algumas técnicas não-intervencionistas melhoram a sensação de dor, como:

  • Respiração controlada e rítmica;
  • Banhos com água morna;
  • Adoção de posições para aumentar a força e a eficiência das contrações, assim como facilitar o posicionamento adequado do bebê no canal de parto.

Tanto as medidas físicas quanto cognitivo-comportamentais podem ser utilizadas também nos partos naturais.

Farmacológicas

O uso de medicamentos, porém, é a medida que as mulheres mais têm dúvidas. Sim, é possível utilizá-los em diversos tipos de partos:

  • Analgésicos: são substâncias que aliviam a dor;
  • Anestésicos: são capazes de bloquear diretamente a transmissão da dor para o cérebro.

A administração racional de doses diluídas e individualizadas de analgésicos pode fazer com o nascimento seja mais tranquilo e rápido. Apesar de ser uma ferramenta segura, há a possibilidade de alguns efeitos adversos.

Por isso, considere sempre o parto natural como a primeira opção quando ele puder ser indicado para o seu caso. O parto normal dói, mas é muito mais benéfico em curto e longo prazos.

Quer saber mais sobre o parto normal e seus benefícios para você e seu bebê? Confira esse post!

Anestesia para o parto: veja quais são e como são feitas

As medidas de anestesia para o parto são uma das dúvidas mais comuns entre as mulheres. Afinal, durante toda a gestação elas ouvem relatos sobre a dor desse processo. Então, ficam ansiosas para saber um pouco mais a respeito das ações que podem ser tomadas para aliviá-la.

Nesse sentido, a anestesia se insere dentro de um conceito mais amplo, a analgesia, que também abrange o uso de outras ferramentas para o controle dos estímulos dolorosos.

Quer saber mais sobre esse assunto? Acompanhe nosso post bem completo até o final!

O que é a analgesia? Qual sua relação com a anestesia do parto?

A analgesia abrange um amplo conjunto de medidas para aliviar, reduzir ou eliminar a dor. Ela pode ser feita com diversos tipos de técnicas:

Cognitivo-comportamentais

Primeiramente, é importante entender que, no parto, a dor se origina de um estímulo real. Então, senti-la não é motivo para culpa ou vergonha.

Além disso, cada pessoa tem uma sensibilidade própria. Consequentemente, na mesma situação, uma mulher pode relatar dores leves, enquanto em outra, a intensidade é elevada.

Mesmo assim, há fatores psíquicos (como a ansiedade), que alteram a química do sistema nervoso e a sensibilidade à dor. Algumas intervenções podem auxiliá-la:

  • Durante o processo de pré-natal, o(a) médico(a) pode conversar com você sobre a dor do parto para criar mecanismos psíquicos de enfrentamento;
  • Ambientação da sala de parto com elementos, como músicas e iluminação, que trazem maior aconchego;
  • A presença de um(a) acompanhante e de uma equipe em quem confia.

Não se trata de fazer a dor desaparecer, mas reduzir a tensão emocional desencadeada por ela. O objetivo é modificar a sua relação com a dor e permitir que o processo do parto seja mais acolhedor e com menor ansiedade.

Dessa forma, são liberados neurotransmissores naturais de controle da dor. Também se evita a liberação de substâncias relacionadas ao aumento da sensibilidade à dor.

Físicas e mecânicas

Além disso, algumas técnicas não-intervencionistas reduzem a sensação de dor, como:

  • Respiração controlada e rítmica;
  • Banhos com água morna;
  • Adoção de posições para aumentar a força e a eficiência das contrações, assim como facilitar o posicionamento adequado do bebê no canal de parto.

No parto natural a dor é um importante guia, pois permite que o trabalho seja mais eficiente. É uma forma de o corpo dizer qual posição será mais eficiente.

Farmacológicas

O uso de medicamentos, porém, é a medida que as mulheres mais têm dúvidas. Sim, é possível utilizá-los em diversos tipos de partos:

  • Analgésicos: são substâncias que aliviam a dor. Há medicamentos mais leves, como o paracetamol, a dipirona e os anti-inflamatórios, ou mais potentes (morfina e outros opioides);
  • Anestésicos: são capazes de bloquear diretamente a transmissão da dor para o cérebro.

A administração racional de doses diluídas e individualizadas de analgésicos pode fazer com que o nascimento seja mais tranquilo e rápido. Apesar de ser uma ferramenta segura, há a possibilidade de alguns efeitos adversos:

  • O processo de parto pode ser mais lento;
  • Maior de necessidade de mais intervenções, como o rompimento forçado da bolsa ou o uso de instrumentos (fórceps ou vácuo extrator);
  • Inibição da vontade natural de fazer força para empurrar o bebê.

Analgesia e anestesia em cada tipo de parto

Parto normal (vaginal)

Após passar uma pomada anestésica na sua pele, o anestesista realiza um pequeno furo e insere um cateter. Por ele, há a administração contínua ou intermitente de anestésicos ou de analgésicos opioides em volta do canal espinhal. É a técnica padrão-ouro para os partos normais.

Outra muito utilizada é a de duplo-bloqueio espinhal-epidural, pois permite um bom controle da dor sem comprometer os movimentos do parto. Além disso, possibilita uma dilatação mais rápida do colo uterino.

Cesariana

A cesariana é uma cirurgia mais extensa e, portanto, a administração invasiva de anestésicos é necessária. A regional (espinhal, epidural ou combinada) é obrigatória, sendo a anestesia geral reservada para os casos de maior risco de morte materna.

A epidural traz um excelente controle sensorial, além de mais previsibilidade à cirurgia, pois provoca uma queda mais gradual da pressão arterial;

A espinhal tem ação imediata e traz um bloqueio mais completo da transmissão dos estímulos ao sistema nervoso central. Por isso, é mais frequentemente utilizada nos centros obstétricos.

Parto natural

O parto natural, por sua vez, é a modalidade em que se busca a ausência de intervenção médica, tanto cirúrgica quanto medicamentosa.

Como é a recuperação da anestesia para o parto?

Quando há a aplicação de anestesia invasiva a gestante precisará ficar sob observação por algumas horas dentro do centro obstétrico. Com isso, eventuais complicações poderão ser rapidamente tratadas ou identificadas.

De forma geral, o processo ocorre sem nenhum efeito adverso grave. Na recuperação os sintomas mais comuns são dores no local de aplicação, náuseas e cefaleia.

O que a mulher pode escolher na anestesia para o parto?

A mulher tem direito a planejar o nascimento do bebê do início ao fim, escolhendo pontos, como:

  • Tipo de parto;
  • Medidas de analgesia;
  • Tipo de anestesia;
  • Condutas diante de complicações.

Essa decisão é compartilhada entre:

  • A gestante, a protagonista do processo: seus desejos e suas expectativas para o parto e o nascimento;
  • o obstetra: de forma individualizada, os riscos e benefícios de cada procedimento para a saúde materno-fetal;
  • o anestesiologista: o risco-anestésico indicando quais técnicas são contraindicadas;
  • o cardiologista: o risco-cardiológico e o impacto de cada intervenção no coração e no sistema vascular;
  • o neonatologista: potenciais complicações das medidas tomadas para a saúde do futuro recém-nascido.

Com isso, diante de informações sobre os riscos e benefícios da anestesia para o parto, você poderá tomar a decisão que lhe deixa mais segura.

Em alguns casos há a indicação ou a contraindicação absoluta de alguma medida devido a riscos elevados para a sua saúde e a do bebê. Portanto, o poder de decisão pode ser mais limitado, porém não será eliminado.

Quer saber mais sobre o controle da dor do parto? Então, confira este post bem completo sobre o tema!

Diabetes gestacional: conheça a condição e como se cuidar

A gestação traz mudanças muito grandes no corpo da mulher, podendo desencadear doenças, como a Hipertensão da Gravidez e a Diabetes Gestacional em alguns casos. Afinal, ela precisará gerar uma outra vida: uma única célula fecundada se tornará um ser humano em cerca de apenas nove meses. Além disso, todo o seu corpo precisará se preparar para um processo bastante complexo e talvez cansativo, o parto.

Assim, todo o metabolismo precisa se transformar para absorver, utilizar e armazenar nutrientes. Por esse motivo, algumas doenças hormonais podem se desenvolver exclusivamente na gestação. Ou seja, a mulher não tinha e nem terá essa condição fora desse contexto. Hoje, vamos focar em uma das mais comuns, a Diabetes Gestacional. Acompanhe!

O que é diabetes de uma forma geral?

O nosso corpo precisa de energia para trabalhar adequadamente e, por isso, precisamos nos alimentar. Os principais nutrientes para essa finalidade são os carboidratos, como o amido, a sacarose (açúcar de cana), entre outros. No nosso corpo, eles são quebrados ou transformados em um carboidrato mais simples, a glicose, que pode ser usada diretamente pelas células. Popularmente, ela é chamada de “açúcar”.

Após a digestão, a glicose é absorvida no intestino e se mistura ao para o sangue para serem distribuídos a todos os órgãos. Para colocar transportar esse nutriente do sangue para que as células produzam energia, é necessário um hormônio produzido no pâncreas – a insulina.

Além da insulina, outras substâncias, como o glucagon e o cortisol, ajudam a regular os níveis de glicose no sangue. Alterações em qualquer parte desse mecanismo podem causar o aumento dos níveis de glicose no sangue de forma duradoura – condição conhecida como diabetes mellitus. Ela pode se apresentar em diversos tipos, como:

  • diabetes mellitus tipo I — o sistema imunológico ataca as células do pâncreas e impede que a pessoa produza insulina em quantidades adequadas;
  • diabetes mellitus tipo II — maus hábitos de vida (sedentarismo e má-alimentação) e a obesidade deixam as células do corpo resistentes à ação da insulina. Então, apesar de produzir insulina em quantidades suficientes, ela não é usada e o açúcar se acumula no sangue;
  • diabetes mellitus gestacional (DMG).

O que é diabetes gestacional?

Na DMG, a produção de hormônios pela placenta altera o equilíbrio hormonal para aumentar a quantidade de açúcar no sangue (progesterona, estrogênio, cortisol e prolactina) e a resistência das células maternas à ação da insulina. Isso tem o objetivo de disponibilizar mais energia para o feto.

Entretanto, em algumas mulheres predispostas, isso provoca uma doença específica da gravidez. Acredita-se que o pâncreas delas não consegue produzir insulina suficiente para lidar com a sobrecarga de glicose durante a gravidez.

Nos últimos anos, houve muita discussão sobre os critérios para diagnosticar a DMG e diferenciá-la das diabetes mellitus tipos I e II. Afinal, como saber se, na verdade, havia uma doença prévia à gestação que não foi diagnosticada?

Por que ela pode surgir?

Por isso, saber o mecanismo da DMG é tão importante. Como ela ocorre devido à produção de hormônios pela placenta, ela se intensifica à medida que essa estrutura se desenvolve.

Então, nas mulheres com níveis muito altos de glicose (maior ou igual a 126 mg/dL em jejum), a doença não deve ter relação com a gravidez, mas com uma doença prévia não diagnosticada previamente. Afinal, a placenta ainda não se desenvolveu o suficiente para causar uma grande alteração hormonal.

Após 24 semanas de gestação, a placenta já está completamente desenvolvida. Então, deve-se comparar os exames realizados no primeiro trimestre de gestação com os do segundo semestre para firmar um diagnóstico mais preciso.

Como perceber? O que fazer?

Geralmente, as gestantes não apresentam nenhum sintoma muito evidente. Na maior parte das vezes, eles são confundidos com alterações normais durante a gravidez, como urinar frequentemente e sentir muita sede. Por ser uma doença silenciosa, ela é diagnosticada nas consultas pré-natais com a avaliação de um ginecologista-obstetra experiente e a realização de todos os exames de rotina.

Quando o pré-natal não é realizado tardia ou inadequadamente, a suspeita pode vir quando as complicações já estiverem em curso, como:

  • no exame físico — ganho de peso anormal pela mãe, altura uterina muito superior à idade gestacional e hipertensão arterial;
  • na ultrassonografia — fetos muito grandes para a idade gestacional ou excesso de líquido amniótico.

Como é o diagnóstico e quais as providências?

Por mais que a gestante apresente sintomas, o diagnóstico da DMG é feito por meio de exames que medem a glicose no sangue. Idealmente, a primeira medição da glicemia após jejum deve ser feita antes das 20 semanas de gestação. Ela serve como forma de identificar:

  • gestantes com diabetes prévia e não relacionada à gestação — valor maior ou igual a 126 mg/dL;
  • gestantes em risco de desenvolvimento de DMG — valor entre 92 e 126 mg/dL;
  • gestantes sem risco atual de desenvolvimento de DMG — valor menor do que 92 mg/dL.

Nos dois últimos casos, deve-se realizar um novo exame entre 24 e 28 semanas de gestação. O melhor para o diagnóstico é o teste oral de intolerância à glicose (TOTG). A mulher fica em jejum e, no laboratório, toma 75 gramas de glicose. São feitas medidas de glicemia em jejum, na primeira hora e na terceira hora. A diabetes gestacional vai ser diagnosticada se algum dos resultados apresentar os seguintes valores:

  • jejum — 92-125 mg/dL;
  • 1 hora — ≥ 180 mg/dL;
  • 2 horas — ­≥ 153 mg/dL.

No entanto, os valores a seguir são considerados muito elevados, indicando um quadro de diabetes mellitus fora do contexto da gestação:

  • jejum — ≥ 126 mg/dL;
  • 2 horas: — ≥ 200 mg/dL

Caso o TOTG não esteja disponível, pode ser feita outra glicemia de jejum após a 24ª semana. Os resultados seriam interpretados da seguinte forma:

  • diabetes mellitus não relacionada à gestação — ≥ 126 mg/dL;
  • diabetes mellitus gestacional — entre 92 e 125 mg/dL.

No entanto, sempre que possível, o TOTG deve ser feito, pois apresenta uma taxa de detecção de DMG de 100% enquanto a da glicemia de jejum é 86%.

Após a detecção da diabetes gestacional, o ginecologista-obstetra indicará inicialmente uma dieta, acompanhada de exercícios físicos leves. Na maioria dos casos, isso controla os níveis de glicose. Caso contrário, o tratamento envolverá medicamentos e possivelmente a antecipação do parto em casos de sinais de risco para a mãe e/ou o bebê. Para o diagnóstico precoce e a prevenção dessas consequências, nunca deixe de realizar o pré-natal adequadamente com um profissional experiente e capacitado.

Quer saber como fazer um acompanhamento obstétrico seguro e ter um parto humanizado, que leva em consideração a integridade da mulher e as expectativas do casal? Confira nosso post completo sobre o tema!

Papanicolaou: exame fundamental para todas as mulheres

O médico ginecologista-obstetra participa ativamente da manutenção da saúde e do bem-estar da mulher desde muito cedo. Portanto, assim que a puberdade chega, é importantíssimo que esse acompanhamento especializado seja realizado rotineiramente. O objetivo desse cuidado é principalmente preventivo com a realização de avaliações e exames, como o papanicolaou, e do planejamento reprodutivo.

As mulheres estão predispostas a várias doenças potencialmente graves, mas com bom prognóstico caso sejam diagnosticadas precocemente. Esse é o caso dos cânceres de mama e de colo de útero, os quais podem ser identificados em estágios iniciais pela mamografia e pela citologia cervical oncótica.

Quer entender melhor? Acompanhe!

O que é o Papanicolau?

O câncer do colo de útero é o tumor maligno ginecológico mais frequente entre as mulheres, sendo importante causa de mortalidade precoce nesse grupo. Majoritariamente, ele é causado por uma infecção viral pelo HPV (papilomavírus humano).

Alguns de seus subtipos são oncogênicos, isto é, podem desencadear o câncer em algumas regiões. Inicialmente, eles não provocam nenhuma lesão visível, mas podem danificar o código genético das células do colo do útero.

Já a evolução para o câncer de colo de útero é relativamente lenta e previsível. Com isso, os ginecologistas têm a oportunidade de interromper esse processo. Portanto, a identificação (rastreamento) precoce de alterações celulares sem a queixa de sintomas é essencial.

Para tal, deve-se analisar a estrutura do colo uterino citologia oncótica do colo uterino (papanicolaou). Esse exame demanda a coleta de células dessa região com instrumentos específicos para análise microscópica.

O que a citologia oncótica do colo uterino avalia?

Ele avalia as características das células da região externa do colo uterino (tecido escamoso) e do orifício interno (tecido glandular). Nelas, a infecção pelo HPV pode provocar lesões pré-cancerígenas, chamadas de displasias. Elas são subdivididas em muito leves, leves, moderadas e severas.

Sem tratamento, elas podem evoluir para uma lesão cancerígena superficial (carcinoma in situ). Até esse estágio, a doença seja identificada e tratada adequadamente, as chances de sobrevivência em 5 anos são maiores do que 92%. À medida que o câncer começa a invadir as camadas mais profundas do colo uterino, o prognóstico se torna cada vez pior.

O papanicolaou não é um exame diagnóstico do câncer de colo uterino. Ele é usado para rastreamento, isto é, com a finalidade preventiva de identificar mulheres com alterações celulares (atipia) que sejam sugestivas de displasia ou câncer. Se ele vier positivo, ainda não significa que a mulher tem câncer.

Como ele é feito?

Periodicamente, serãocoletadas células do colo uterino da mulher para que elas sejam analisadas microscopicamente. Como o colo uterino fica no fundo da vagina, é preciso utilizar alguns instrumentos para chegar até o local de coleta. O mais utilizado é o espéculo, que apresenta cerca de 10 a 12 centímetros. Ele é inserido no canal vaginal e aberto progressivamente.

Depois disso, o primeiro passo será a inspeção visual do ginecologista-obstetra à procura de lesões visíveis a olho nu. Então, o ginecologista utiliza uma espátula para esfoliar levemente as células da região mais externa do colo uterino e uma pequena escova para a coleta de material do orifício externo dessa região.

Então, o material é colocado em lâminas de vidro ou tubos de ensaio para a análise laboratorial. Por fim, as células são avaliadas por um médico patologista, que elabora um laudo com a descrição e a classificação das lesões. Será esse parecer que auxiliará o ginecologista na tomada de decisão.

Por que é importante fazê-lo de rotina?

Por ser preventivo, precisa ser feito rotineiramente – antes que as lesões evoluam para um câncer invasivo. Há, entretanto, alguns critérios para a indicação do papanicolaou:

  • mulheres que já tiveram relações sexuais com penetração;
  • idade entre 25 e 64 anos.

Com relação à frequência, os dois primeiros exames deverão ser feitos com o intervalo de um ano. Se ambos vierem negativos, a repetição será a cada três anos caso não haja alterações.

Quais são os possíveis resultados e encaminhamentos?

Como explicamos, o Papanicolaou é um exame de rastreio. Então, dependendo do seu resultado, a paciente é encaminhada para um exame mais preciso, a colposcopia por um ginecologista-obstetra experiente. Ele utilizará um microscópio para avaliar diretamente a lesão, realizar a biópsia das lesões para investigação e decidir a sua conduta.

Células atípicas de significado indeterminado

Caso encontrem células atípicas escamosas (parte externa do colo) possivelmente benignas (ASC-US), será necessário repetir o exame nos seguintes intervalos de acordo com a idade da paciente:

  • 3 anos – < 25 anos;
  • 12 meses (idade entre 25 e 29 anos);
  • 6 meses – idade acima de 30 anos.

Se não for possível excluir a hipótese de mais avançadas (ASC-H) ou se as células com atipias indeterminados forem glandulares (AGS), será preciso realizar a colposcopia.

Lesões de baixo grau (LSIL)

Aqui, o exame deve ser repetido em 6 meses nas mulheres acima de 25 anos e em 3 anos abaixo dessa idade. Na maioria dos casos, esse tipo de lesão regride espontaneamente.

Caso o segundo exame venha alterado, será preciso realizar a colposcopia. Se ela confirmar a lesão de baixo grau, é feito o tratamento com ácidos tópicos ou procedimentos minimamente invasivos.

Lesões de alto grau (HSIL), carcinoma in situ e tumores invasivos

Em todos esses três casos, será preciso realizar a colposcopia para confirmar o diagnóstico. Pelas características da lesão, o tratamento pode envolver cirurgias e a quimioterapia, isoladas ou associadas.

Felizmente, surgiram vacinas eficazes, disponíveis nas redes públicas e privadas. Apesar desse importante instrumento preventivo, não podemos dispensar o acompanhamento médico com realização do papanicolaou e outros exames preventivos.

Outro papel importante do ginecologista é o planejamento de um parto mais humanizado para as gestantes? Confira nosso post sobre o tema!